Bill Gates, o dono da Microsoft, utilizou seu blog para listar cinco dos melhores livros que consumiu em 2020. São obras de temas diversos, que o filantropo bilionário indica para terminar positivamente um ano marcado por crises políticas, tensões raciais e a pandemia do novo coronavírus.
“Em tempos difíceis – e não há dúvida de que 2020 se qualifica como tempos difíceis – aqueles de nós que amam ler recorrem a todos os tipos de livros diferentes”, pondera Gates. “Aqui estão cinco livros sobre uma variedade de assuntos que eu recomendaria ao encerrarmos 2020”, continua.
Confira a relação das obras abaixo (aquelas já publicadas no Brasil aparecem com os títulos das edições nacionais):
“A Nova Segregação: Racismo e Encarceramento em Massa”, de Michelle Alexander
“Como muitos brancos, tentei aprofundar minha compreensão do racismo sistêmico recentemente”, afirma Gates. “O livro de Alexander oferece uma visão reveladora sobre como o sistema de justiça criminal mira injustamente as comunidades de cor, e especialmente comunidades negras. É especialmente bom em explicar a história e os números por trás do encarceramento em massa”, prossegue, destacando ter terminado a leitura “mais convencido que nunca de que precisamos de uma abordagem mais justa para condenações e mais investimentos nas comunidades de cor.”
“Por Que os Generalistas Vencem em um Mundo de Especialistas”, de David Epstein
Nas palavras de Gates, o livro de Epstein reúne exemplos de Roger Federer a Charles Darwin para defender que, “embora o mundo pareça exigir cada vez mais especialização – em sua carreira, por exemplo – o que realmente precisamos é de mais pessoas ‘que comecem de forma ampla e abracem experiências e perspectivas diversas enquanto progridem'”.
Para o fundador da Microsoft, a obra ajuda até mesmo a explicar o sucesso de sua empresa, “porque contratamos pessoas que tinham uma amplitude real dentro de seus campos e em todos os domínios. Se você é um generalista que já se sentiu ofuscado por seus colegas especialistas, este livro é para você”.
“O Esplêndido e o Vil”, de Erik Larson
“Algumas vezes livros de História acabam se mostrando mais relevantes do que seus autores poderiam ter imaginado. Esse é o caso com este brilhante relato dos anos 1940 e 1941, quando cidadãos ingleses passaram quase todas as noites amontoados em porões e estações de metrô enquanto a Alemanha tentava bombardeá-los até a submissão”, explica Gates, avaliando que o medo e ansiedade que sentiam à época, apesar de muito mais severo, parece familiar ao que passamos em meio à pandemia do novo coronavírus.
“Larson dá a você uma sensação vívida de como era a vida para os cidadãos comuns durante esse período terrível, e faz um ótimo trabalho ao traçar o perfil de alguns dos líderes britânicos que os acompanharam ao longo da crise, incluindo Winston Churchill e seus conselheiros”, acrescenta.
“O Espião e o Traidor”, de Ben Macintyre
Gates classifica essa não ficção como “tão instigante quanto meus romances de espionagem favoritos.” O livro se concentra em “Oleg Gordievsky, um oficial da KGB que se tornou agente duplo para os britânicos, e Aldrich Ames, o vira-casaca norte-americano que provavelmente o traiu. A recontagem de suas histórias por Macintyre não se baseia somente em fontes ocidentais (incluindo o próprio Gordievsky), mas também na perspectiva russa.”
“Breath from Salt: A Deadly Genetic Disease, a New Era in Science, and the Patients and Families Who Changed Medicine” (“Respiração do sal: uma doença genética mortal, uma nova era na ciência e os pacientes e famílias que mudaram a medicina”, em tradução livre), de Bijal P. Trivedi
Gates conta que essa obra “realmente inspiradora (…) documenta uma história de notável inovação científica e como ela melhorou a vida de quase todos os pacientes com fibrose cística e suas famílias”. “Suspeito”, emenda o empresário, “que veremos muito mais livros como esse nos próximos anos, à medida que milagres biomédicos emergem dos laboratórios em um ritmo cada vez maior”.