Não há dúvidas de que as fintechs ganharam protagonismo no mercado financeiro brasileiro. Se há um setor em que a digitalização, associada a quebras profundas em paradigmas estabelecidos há décadas, tem redesenhado o cenário, é o dos bancos. O revolucionário mais famoso é o Nubank, com seu cartãozinho roxo que caiu no gosto dos brasileiros e conseguiu algo raro no mundo: ser uma marca de banco amada de verdade. Mas outros players têm ganhado espaço também e a lista não para de crescer: Next, PicPay (esse não é um banco, mas pode ser entendido como um híbrido que está em campo disputando a mesma bola), Banco Inter, Banco Pan (esses dois últimos são velhinhos que deram uma recauchutada e andam fazendo sucesso junto dos pares mais jovens) e outros.
E aí você já deve estar pensando: nesse novo cenário, os tradicionais devem estar sentindo o baque e começando a fraquejar. Mas não estão. Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander, pelo menos, chegaram a 2020 ainda mais fortes. E as perspectivas são animadoras, mesmo com a queda nos juros. A equação não é muito difícil de entender:
1 – Vivemos numa economia cada vez mais digital e todo mundo vai precisar ter pelo menos um cartão (ou um app de pagamento) para conseguir sobreviver nos próximos anos
2 – A diversificação de players aumenta a concorrência, que por sua vez torna o mercado mais acessível
3 – O aumento da concorrência também tem obrigado os grandes bancos tradicionais a se reinventarem
4 – O Brasil ainda tem um percentual alto de desbancarizados (os dados mais recentes dão conta de pelos menos 45 milhões de cidadãos economicamente ativos nessa condição)
Nesse cenário, quem vai sair ganhando?
Os grandes bancos têm mais munição. Por isso, não menospreze o pode que têm para manterem seus tronos. Mas algumas fintechs têm crescido num ritmo muito, muito acelerado mesmo. Do ponto de vista das empresas, alcançará mais pontos quem for mais ágil. O Banco Pan, por exemplo, anunciou nesta quinta-feira (6) o lançamento de sua conta digital, com inúmeras vantagens e baixo custo, focando nas classes C, D e E, justamente as que mais têm represantes naqueles 45 milhões de desbancarizados. Essa fatia já vem sendo abrangida pelo Nubank, mas sua NuConta ainda tem algumas limitações. Os bancos tradicionais também já oferecem contas digitais, embora cada uma como suas especificidades que as tornam umas mais, outras menos atrativas.
Mas sabe qual é a verdade? No meio dessa guerra, o consumidor será, senão o grande vencedor, pelo menos o que já começou a acumular vitórias nas batalhas de agora.
O mercado financeiro brasileiro sempre foi muito concentrado. Com a diversificação, a tendência é que os custos caiam e as opções se tornem mais atrativas. Não é só o nicho específico de bancos que têm se desenvolvido no setor financeiro. O brasileiro, de modo geral, tem aprendido a lidar melhor com seu dinheiro. A Bolsa de Valores, a B3 (antiga Bovespa), bateu recorde em 2019. A internet está cheia de cursos de finanças, estratégias de investimentos e afins. As escolas serão obrigadas a incluir em seus currículos a disciplina de educação financeira.
O grande vencedor, no fim das contas, será o Brasil.