O ano de 2020 foi de baque para muitos setores, mas alguns segmentos conseguiram atravessar o período de pandemia com pouca diferença no volume de vendas. Foi o caso do mercado dos relógios de luxo: de acordo com a Federação da Indústria Relojoeira Suíça, que fabrica a maior parte dos itens, as exportações de relógio que custam mais de 3 mil dólares tiveram uma queda de apenas 0,1% em comparação a 2019.
De acordo com o site Marketplace, o WhatchBox, e-commerce de relógios de luxo, vendeu cerca de 48% mais relógios que custam entre US$ 50.000 e US$ 100.000 do que no mesmo período de 2019, e o faturamento da empresa cresceu mais de 25% no primeiro semestre de 2020. O diretor de comércio da empresa, Mike Manjos, afirmou que o resultado foi inesperado. “Nós, como a maioria das pessoas, pensamos que o mundo iria acabar, os mercados iriam quebrar e tudo iria ser vendido. E então a demanda começou a crescer e crescer e crescer”, disse. Ele compartilhou ainda que a empresa chegou a vender um relógio Patek Philippe por cerca de US$ 700.000,00, equivalente a mais de 3,5 milhões de reais.
O analista da indústria de relógios do The NPD Group, Reginald Brack, afirma que os números são resultados de estratégias focadas nas mídias sociais, que tem alcançado novos consumidores além dos compradores que já são colecionadores. “As principais casas de leilão que realizam vendas semanais de luxo em relógios e joias relatam que uma grande porcentagem desses novos clientes são novos para a marca”, disse Brack.
O apelo da exclusividade
Para a especialista em mercado de luxo Manu Berger, a exclusividade é um dos principais apelos dos itens de luxo, algo que o setor emprega em todos os seus produtos e serviços. “A exclusividade surge na concepção de algo único, raro, que seja desejado pelo público consumidor”, explica. Levando em conta os valores de alguns relógios de luxo, a exclusividade é garantida: poucas pessoas no mundo têm o patrimônio compatível com a compra de itens tão caros.
De acordo com um levantamento da Betway, site de blackjack online, o relógio mais caro do mundo, o Patek Philippe Grandmaster Chime, custa mais de R$ 170 milhões. Em segundo lugar, vem o Paul NewMan Daytona, da Rolex, que custa R$ 97,2 milhões, seguido por mais três modelos do Patek Philippe: o Stainless Steel, por R$ 60,8 milhões; o Gobbi Milan “Heures Universelles, por R$ 49,3 milhões e o Stainless Steel por R$ 39,9 milhões.
A pesquisa ainda indica que muitos dos relógios de luxo se tornam ainda mais caros com o passar dos anos. O Rolex Cosmograph Daytona, por exemplo, é praticamente um investimento para bilionários: teve valorização de 251% nos últimos anos, e deve continuar subindo de preço. Em 2017, valia R$ 72,4 mil, e a estimativa é que em 2030 chegue a custar R$ 108 mil.