A farmacêutica britânica AstraZeneca, responsável por uma das vacinas criadas contra a Covid-19, anunciou que está produzindo um medicamento para impedir que infectados em fase inicial desenvolvam a doença pelo vírus. De acordo com o jornal “The Guardian”, o remédio, atualmente em sua última etapa de testes, foi fabricado a partir de anticorpos de pacientes recuperados da Covid-19 e teria a capacidade de garantir imunidade imediata àqueles contaminados que ainda não apresentaram sintomas, funcionando como medida de combate à ação viral logo após a exposição ao coronavírus, por atacá-lo antes de sua entrada na célula humana.
“A proteína spike do SARS-CoV-2 contém o RBD (domínio receptor-obrigatório) do vírus, que permite que este se ligue a receptores nas células humanas. Ao alvejar essa região do vírus, os anticorpos [do medicamento] podem bloquear sua ligação às células humanas e, portanto, espera-se que bloqueiem a infecção”, informa a AstraZeneca, em documento sobre os estudos elaborados em parceria com a University College London Hospitals (UCLH, na sigla em inglês).
Chamada AZD7442, a droga, também testada em pessoas que ainda não tiveram contato com o patógeno, para avaliação de uma possível eficácia preventiva, já teria demonstrado oferecer apenas uma imunidade temporária, de seis a 12 meses, mas seria especialmente útil para contenção de surtos em asilos e hospitais, enquanto as vacinas não chegam a toda a população.
“Se pudermos provar que esse tratamento funciona e evitar que as pessoas sejam expostas ao vírus para desenvolver a Covid-19, seria uma adição empolgante ao arsenal de armas que está sendo desenvolvido para combater esse vírus terrível”, declarou Catherine Houlihan, virologista da UCLH, em entrevista ao “Guardian”.
A depender da comprovação de sua segurança e eficácia, o AZD7442 pode estar disponível no mercado entre março e abril de 2021.