O boletim epidemiológico da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado nesta semana faz um alerta sobre a variante P1 da Covid-19, descoberta em Manaus (AM) e já identificada em mais seis Estados brasileiros (Ceará, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e São Paulo), além de outros 15 países.
Segundo a entidade, a cepa em questão pode reduzir a capacidade dos anticorpos de neutralizar a ação do vírus, o que poderia aumentar os riscos de reinfecção pela doença e afetar a eficácia das vacinas já utilizadas para combater a pandemia pelo mundo.
“As mutações encontradas na variante P1 podem reduzir a neutralização por anticorpos; contudo, estudos adicionais são necessários para avaliar se há mudanças na transmissibilidade, na gravidade ou na ação de anticorpos neutralizantes como resultado dessa nova variante”, declarou a OMS, que também expressou preocupação com outra linhagem caracterizada por mutações semelhantes, a B.1.351, originalmente encontrada na África do Sul.
Testes realizados naquele país identificaram reduções nas taxas de eficácia das vacinas produzidas pela Johnson & Johnson, Novavax e Oxford/AstraZeneca; por outro lado, estudos conduzidos pela Pfizer atestaram a proteção de sua fórmula contra a cepa sul-africana.
Ainda não há, contudo, dados sobre o desempenho específico dos imunizantes contra a P1. Cientistas brasileiros têm enfrentado dificuldades estruturais no país para realizar sequenciamentos genéticos e monitorar as linhagens em circulação, mas segundo o jornal “Valor Econômico” o cenário deve melhorar nas próximas semanas, com o funcionamento de uma rede de laboratórios dedicada à vigilância genômica do vírus e o desenvolvimento de um teste rápido para detecção da variante amazônica, criado pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Amazonas.