Mais da metade dos brasileiros (56%) vítimas de ransomware em 2020 pagou resgate para restaurar o acesso a seus dados, mas apenas cerca de três em cada dez pessoas obtiveram a devolução dos arquivos roubados. As informações são de uma nova pesquisa realizada pela consultoria Kaspersky com mais de 15 mil indivíduos ao redor do mundo.
O ransomware é um golpe online usado por criminosos para extorquir dinheiro das vítimas. Utilizando criptografia (a mesma tecnologia que protege a privacidade das conversas nos aplicativos de mensagem) e um programa malicioso, esses hackers bloqueiam os arquivos em um dispositivo da vítima, impedindo sua utilização. Para realizar o desbloqueio das informações, eles exigem o pagamento de uma quantia como “resgate”.
Uma curiosidade que o resultado global trouxe é que os usuários mais novos estão mais propensos a pagar um resgate pedido pelos criminosos. Dois terços dos adultos entre 35 e 44 anos e pouco mais da metade (52%) dos usuários na faixa etária de 16 a 24 anos admitiram ter feito pagamentos do tipo, enquanto entre aqueles com 45 a 54 anos a taxa foi de 46%, e entre os maiores de 55 anos, de apenas 11%.
Pagando ou não, somente 16% das vítimas brasileiras conseguiram recuperar todos os arquivos criptografados ou bloqueados após um ataque. Mas 80% do total sofreram perdas: 44% dos brasileiros não conseguiram recuperar uma quantidade significativa do roubo, 20% perderam uma quantia pequena e outros 16% perderam todos os seus dados.
“Sempre recomendamos que a vítima de um ataque de ransomware não pague o resgate, pois o pagamento não garante a devolução dos dados”, alerta Fabiano Tricarico, diretor de consumo da Kaspersky para a América Latina. “Na verdade, ao efetuá-lo, observamos o efeito contrário, pois o criminoso saberá que os arquivos são valiosos e isto motivará que eles ataquem a mesma vítima seguidamente”, acrescenta, destacando que a mentalidade do consumidor brasileiro precisa mudar.
“Não seria mais vantajoso investir na proteção do dispositivo e na cópia de segurança dos dados? Impedir o ataque ou fazer que ele não seja lucrativo é a melhor maneira de fazer quem que os criminosos percam o interesse neste golpe”, sugere Tricarico.
Os especialistas da Kaspersky indicam ainda que as vítimas de ransomware contatem as autoridades legais locais para informar o ataque e tentem descobrir o nome do programa que infectou seu dispositivo, o que pode ser ajudar profissionais de cibersegurança a desbloquear os arquivos.