Em entrevista à CNBC, o presidente da Sony Pictures, Tony Vinciquerra, revelou ter percebido um aumento no interesse de profissionais da indústria cinematográfica dos EUA em trabalhar com sua produtora, por causa da alta rejeição gerada pela decisão da rival Warner em lançar seus próximos filmes simultaneamente nos cinemas e no serviço de streaming HBO Max. Segundo Vinciquerra, a Sony não adotará a mesma medida, mantendo estreias exclusivas nas telonas.
“Após o anúncio da Warner Bros., os diretores e atores começaram a nos procurar porque trabalhar conosco ficou mais vantajoso, já que lançaremos nossos filmes nos cinemas em 2021”, explicou o executivo. “O benefício real tem sido o número de ligações recebidas de criadores, atores e diretores dizendo: ‘Queremos fazer negócios com vocês porque sabemos que vocês preferem lançar seus filmes nos cinemas'”, completou.
A Warner justificou sua nova estratégia de lançamento, prevista para todo o próximo ano, como forma de compensar o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre o desempenho de suas produções nas bilheterias, mas tem enfrentado duras críticas de personalidades do segmento, como os cineastas Christopher Nolan e Denis Villeneuve, que veem a iniciativa como ato de desrespeito e desvalorização de seus trabalhos.
Diretora de “Mulher-Maravilha 1984” (que estreou neste mês como parte do novo sistema da Warner), Patty Jenkins também se mostrou contrariada com a decisão da companhia e teme que outras produtoras sigam o exemplo. “Mas vou te dizer, algum estúdio vai voltar ao modelo tradicional e causar uma tremenda revolução na indústria, porque todo grande cineasta vai trabalhar lá. E os estúdios que fizerem essa mudança radical [de transferir seus lançamentos no cinema para um serviço de streaming], principalmente sem consultar os artistas, acabarão com um quadro vazio de cineastas de qualidade trabalhando lá”, analisou, em entrevista ao “The New York Times”.