Como se já não bastassem as preocupações com a própria covid-19, a comunidade científica, médicos e governos agora estão em alerta para um outro problema, que tem sido diagnosticado em crianças acometidas pela doença. Trata-se da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), que se manifesta exclusivamente em crianças e adolescentes. No Brasil, há notificações em diversos estados em Paraíba, Rio de Janeiro e Pernambuco já registraram mortes relacionadas a ela.
A síndrome é rara e tem uma taxa de mortalidade baixa. Mas a falta de informações sobre ela ainda é uma preocupação. Cientistas, médicos e governos têm unido esforços para avançar nos estudos sobre o problema. O Ministério Saúde a classificou como doença de notificação obrigatória, o que vai ajudar a mapear com mais precisão os casos.
Mas, afinal, o que já sabemos sobre a SIM-P?
Causas
Tudo que sabemos até agora é que a síndrome tem relação direta com a covid-19, pois só foi diagnosticada em crianças e adolescentes acometidos pela doença. Dados epidemiológicos mostram que ela tem incidência maior em algumas regiões do planeta e na Ásia praticamente não há casos, o que tem levado cientistas a suspeitarem de que haja algum componente genéticos relacionado. Ou seja: apenas pessoas com determinadas características genéticas desenvolvem o problema após serem afetadas pelo novo coronavírus. Mas não há ainda confirmação sobre isso. Não há também certeza sobre por que apenas crianças e adolescentes apresentam o problema.
Sintomas
Até agora, os pesquisadores têm percebido que a doença se manifesta como uma espécie de reação tardia e exagerada ao sars-cov-2, vírus causador da covid-19. Muito parecida com a síndrome de Kawasaki, a SIM-P é caracterizada por uma inflamação sistêmica do organismo e seus principais sintomas são: febre, dor abdominal, conjuntivite, manchas no corpo, vermelhidão na sola dos pés e na palma das mãos e manifestações gastrointestinais, como diarreia e vômito.
Números
A SIM-P não é uma doença nova, ela já existia antes da covid-19 e se manifestava de forma muito rara. Mesmo com o aumentos dos casos agora, eles ainda são raros. Apenas cerca de 1 mil casos foram registrados oficialmente no mundo todo.
Volta às aulas
Uma das primeiras medidas adotadas pelos governos para conter a pandemia foi suspender as atividades escolares. Esse, inclusive, é considerado um dos motivos pelos quais a covid-19 tem baixa incidência nos pequenos. Com as discussões sobre retomada, cientistas levantam o risco de uma explosão de casos da doença e, consequentemente, aumento nos registros de SMIP.
Um estudo da Fiocruz divulgado no mês passado mostrou que a retomada das aulas pode fazer a curva da pandemia voltar a crescer, atingindo agora justamente as camadas mais jovens da população.