O Nubank anunciou nesta sexta-feira (11) a aquisição da Easynvest, corretora de investimentos digitais, com 1,5 milhão de clientes. Com a aquisição, o Nubank não só ingressa no crescente mercado de investimentos para pessoas físicas, como assume a liderança nacional.
O valor da compra não foi informado. O Nubank, ao longo de sua breve história, já recebeu aportes financeiros que totalizam mais de US$ 900 milhões em oito rodadas de investimentos. Na última, em 2019, sete investidores aplicaram US$ 400 milhões no unicórnio, de longe o maior valor recebido.
“Já libertamos 30 milhões de pessoas da complexidade do sistema financeiro por meio de serviços e produtos práticos, convenientes e, principalmente, totalmente focados no cliente. O nosso desejo é fazer isso também no setor de investimentos”, afirma David Vélez, fundador e CEO do Nubank.
Para Vélez, há espaço para a oferta de produtos financeiros mais competitivos nesse setor. “Quanto menos favorecido o cliente, piores são as opções de investimentos. Vamos solucionar isso, replicando o modelo Nubank de levar simplicidade e eficiência para as pessoas, usando tecnologia e difundindo o nosso valor de foco total no cliente”, promete.
“Encontramos na Easynvest um parceiro que compartilha dos mesmos valores e do propósito de democratizar o acesso aos serviços financeiros”, complementa Vélez.
Para Fernando Miranda, CEO da Easynvest, a união deve levar os serviços financeiros para clientes de outros países. “Nosso principal objetivo sempre foi promover o acesso das pessoas a investimentos, para que pudessem ter o maior rendimento de seu dinheiro. Agora com o Nubank, poderemos potencializar esse propósito e levar os serviços para ainda mais pessoas no Brasil e América Latina”, diz.
Número de investidores aumenta
De acordo com dados da B3 — antiga BM&F Bovespa —, o número de investidores pessoas físicas na bolsa já é de quase 3 milhões e deve crescer nos próximos anos. O valor total aplicado por esses investidores — que representam 98,9% do total — era de 383 bilhões em agosto. Em um ano, a B3 recebeu cerca de 1,3 milhão de investidores.
Com a tendência de cortes na taxa básica de juros, a Selic, os títulos públicos passaram a ter rendimentos menores, o que levou mais pessoas para a renda variável. A promessa do Nubank é facilitar ainda mais a relação do brasileiro com o mercado de capitais.
A maior parte desse crescimento deve vir por meio de plataformas digitais. Uma pesquisa da McKinsey aponta que 93% dos investidores brasileiros se dizem confortáveis em usar canais digitais para investir e 61% afirmam se sentir confortável em tomar as próprias decisões de investimentos, sem um assessor direto.
Por enquanto, nada muda para os clientes das duas plataformas. As empresas permanecem operando normalmente e de maneira independente. Um grupo de trabalho será formado para planejar os próximos passos de integração dos serviços, a ser iniciada após aprovação dos reguladores — a compra da Easynvest será submetida ao Banco Central e ao CADE.
Esta é a terceira aquisição do Nubank em 2020. O banco digital comprou a consultoria de tecnologia Plataformatec no começo do ano e adquiriu a empresa americana de engenharia de software Cognitect dois meses atrás.
O movimento demonstra que o banco digital está superando a pandemia com ainda mais solidez — começou o ano com 19 milhões de clientes e hoje já são cerca de 30 milhões. A aceleração da tendência digital levou inclusive a consolidar a base de consumidores de faixas etárias mais avançadas.
Mais de 30 mil pessoas acima de 60 anos abriram contas a cada mês desde o início do isolamento social. Entre abril e junho, o volume de novos clientes nessa faixa foi 50% maior do que no mesmo período do ano passado.