Estudos realizados no começo do ano com pacientes infectados pelo novo coronavírus apontavam para uma possível relação entre o tipo sanguíneo e o nível de gravidade da covid-19. Na última semana, foram divulgados dados de uma nova pesquisa que reforça as conclusões dos primeiros levantamentos e traz ainda novas percepções sobre o assunto.
O primeiro estudo, realizado com amostras de pacientes infectados entre fevereiro e abril, no Canadá, sugeria que pessoas com sangue do tipo O ou B tinham estatisticamente menor tempo de internação. A constatação levou os pesquisadores a considerarem que esses tipos sanguíneos poderiam estar relacionados com maior resistência ao vírus e, consequentemente, menor gravidade da doença.
Tem mais: dos pacientes internados, cerca de 60% dos que possuíam sangue do tipo O ou B precisavam de respirador. Entre os pacientes com sangue A e AB essa taxa chegava a 84%.
Agora um novo estudo, com dados de junho, mostra que pessoas com sangue do tipo O são minoria entre os infectados. A constatação sugere que esse tipo sanguíneo pode estar associado não só a uma melhor resposta ao tratamento, mas também a um menor risco de infecção.
Alerta
Os médicos e pesquisadores pedem, no entanto, cautela em torno do assunto. Os estudos ainda são iniciais e tirar qualquer conclusão definitiva é arriscado. Os responsáveis pela pesquisa mais recente são unânimes, inclusive, em dizer que o fato de o tipo sanguíneo O representar supostamente menor risco de infecção não quer dizer que anule a possibilidade e nem mesmo a chance de complicações. Eles ressaltam que observar outros fatores de risco, como as comorbidades, continua sendo essencial.
“Não acho que isso substitua outros fatores de risco de gravidade, como idade e comorbidades e assim por diante. Se alguém é do grupo sanguíneo A, não precisa entrar em pânico. E se você é grupo sanguíneo O, você não está livre para ir a pubs e bares”, afirmou Mypinder Sekhon, um dos responsáveis pelo estudo mais recente.