O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta terça-feira (30) uma nota sobre o trabalho remoto nas unidades federativas brasileiras durante a pandemia, com base nas médias para 2020 obtidas por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo mostra que houve grande diversidade na intensidade do trabalho remoto entre as unidades da federação. Enquanto no Distrito Federal, 23,6% das pessoas ocupadas e não afastadas do trabalho exerceram as atividades laborais remotamente ao longo do ano passado, no Pará esse percentual foi de 3,5%.
Em 2020, a população ocupada e não afastada era de 74 milhões de pessoas no Brasil, sendo que 8,2 milhões, ou seja, 11%, trabalharam remotamente. O estado que teve o maior contingente em trabalho remoto foi São Paulo, com 2,9 milhões de pessoas, seguido por Rio de Janeiro, com 1,1 milhão, e Minas Gerais, com 700 mil profissionais. Enquanto isso, os menores quantitativos foram observados no Amapá (16 mil), Acre (14 mil) e Roraima (13 mil).
O estudo mostrou que, no tocante à diferença (em pontos percentuais) entre o percentual de pessoas em trabalho remoto de cada unidade federativa e a média no Brasil, apenas três estados e o Distrito Federal apresentaram resultados acima do índice nacional: DF (+12,6 p.p.), Rio de Janeiro (+7,7 p.p.), São Paulo (+4,9 p.p.) e Paraíba (+1,1 p.p.). Em contrapartida, Pará (-7,5 p.p.), Mato Grosso (-6,4 p.p.) e Maranhão (-6,1 p.p.) foram os estados com mais de 6 pontos percentuais abaixo da média nacional, apresentando os menores percentuais.
No que diz respeito ao perfil de quem esteve em teletrabalho no país em 2020, observou-se um percentual maior de mulheres, pessoas declaradas brancas e com escolaridade de nível superior completo, no conjunto de pessoas em teletrabalho, em relação ao total daquelas ocupadas e não afastadas. No entanto, o resultado é heterogêneo, a depender do estado, nos quesitos faixa etária (com maioria entre 20 e 49 anos), atividade do trabalhador e serviço público. Em relação ao gênero, apesar de a maioria das pessoas ocupadas e não afastadas ser do sexo masculino, a maior parte especificamente em teletrabalho é composta por mulheres.
“Há uma grande heterogeneidade do trabalhador remoto entre os estados brasileiros, o que pode ser reflexo das diferenças estruturais profundas nas economias e nos mercados de trabalho locais”, avalia Geraldo Góes, pesquisador do Ipea.