O Reino Unido vive momentos de tensão diplomática com a França sobre um dos temas considerados mais sensíveis nas negociações do acordo comercial pós-Brexit entre o governo britânico e a União Europeia: a pesca.
Nesta quinta-feira (6), navios militares de ambos os países se deslocaram para a ilha de Jersey, protetorado do Reino Unido situado próximo à costa da Normandia, para controlar o conflito político desencadeado há uma semana na região, após as autoridades locais terem restringido o acesso estrangeiro às suas águas, concedendo as novas licenças de pesca pós-Brexit a apenas 41 de 344 embarcações da França.
Segundo o governo de Jersey, muitos dos pescadores franceses não conseguiram atestar sua ligação histórica com a zona pesqueira da ilha. Outras condições também passaram a ser impostas, como a limitação do uso de redes e a proibição da pesca de dourados em certas áreas.
Surpreendidos, tripulantes de diversos barcos pesqueiros da França começaram a protestar contra o que consideram restrições injustas, ameaçando bloquear o principal porto de Jersey. Para o governo francês, foram aplicados requisitos não previstos no acordo pós-Brexit, decididos de maneira unilateral e sem explicação.
A ministra de Assuntos Marítimos francesa, Annick Girardin, chegou a sugerir, em retaliação, o corte do fornecimento de energia elétrica a Jersey – aproximadamente 95% da eletricidade consumida pela ilha é levada por três cabos submarinos que partem da França.
A União Europeia pede calma para a resolução da disputa, mas já se manifestou a favor dos franceses. “Qualquer nova condição deve ser previamente notificada à outra parte, que deve ter tempo suficiente para analisar e responder”, disse um porta-voz da UE, acrescentando: “Se as autoridades do Reino Unido não fornecerem novas justificativas para sua decisão, as regras impostas serão consideradas nulas”.
(com informações de G1 e El País)