O astrônomo Avi Loeb, professor da Universidade de Harvard, está lançando nos Estados Unidos um livro controverso, que deve se somar às recentes declarações de autoridades respeitadas de Israel e do Reino Unido sobre a existência de alienígenas.
Na obra, intitulada “Extraterrestrial: The First Sign of Intelligent Life Beyond Earth” (“Extraterrestre: o primeiro sinal de vida inteligente fora da Terra”, em tradução livre), Loeb sustenta a polêmica hipótese de que um misterioso objeto que atravessou o Sistema Solar em 2017 era uma nave alienígena.
Chamado de Oumuamua (termo havaiano para “escoteiro”) pelos cientistas que o identificaram no espaço, o corpo celeste de comprimento entre 100m e 1km foi considerado um asteroide ou cometa pela maior parte dos especialistas da área, mas Loeb defende que algumas de suas propriedades impediriam sua classificação entre os fenômenos naturais – incluindo seu formato de charuto, a intensidade de seu brilho (pelo menos dez vezes mais reflexivo que aquele das típicas rochas espaciais do Sistema Solar) e um impulso de aceleração similar ao de cometas, mas, diferentemente destes, sem qualquer cauda de gases.
Em entrevista ao site Salon, Loeb argumentou que o suposto dispositivo alienígena, do qual não se conseguiu registrar nenhuma imagem, teria sido construído com uma tecnologia avançada de propulsão pelo reflexo de luz, o que dispensaria a necessidade de carregar combustível e possibilitaria a uma nave leve, em princípio, viajar até mesmo na velocidade da luz.
“Dado tudo o que sabemos, eu daria uma grande probabilidade de que [Oumuamua] possa ter sido feito artificialmente. A única forma de saber com certeza, claro, é registrar uma imagem ou conseguir mais dados ou algo assim. Não podemos fazer isso com Oumuamua porque já está muito longe”, afirmou Loeb. “É como ter uma visita para o jantar e, quando você percebe que é estranha, ela já está fora de casa, na rua escura. Esse foi o primeiro convidado e nós devemos procurar por mais”, continuou.
Apesar de sua hipótese ter sido rechaçada por colegas astrônomos ainda em 2018, quando foi apresentada em artigo científico, Loeb espera que seu novo livro incentive a comunidade acadêmica e a sociedade em geral a considerar mais seriamente a possibilidade de vida inteligente fora da Terra. “Se ousarmos apostar que Oumuamua era uma peça de tecnologia extraterrestre avançada, teremos apenas a ganhar”, diz o autor, em um trecho da obra. “Quer isso nos leve a procurar metodicamente por sinais de vida no universo ou a empreender projetos mais ambiciosos, fazer uma aposta otimista pode ter um efeito transformador na nossa civilização”, acrescenta.