Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de New South Wales e do South Australian Museum, na Austrália, conseguiu avaliar com maior precisão os impactos ambientais causados pelo Evento de Laschamp – como é conhecida a última inversão temporária dos polos magnéticos da Terra, ocorrida há cerca de 42 mil anos – e fez um alerta sobre a possibilidade de uma nova ocorrência do tipo.
A partir de análises técnicas que incluíram datação por carbono radioativo de árvores primitivas da espécie kauri (Agathis australis), da Nova Zelândia, a pesquisa foi capaz de traçar uma série de efeitos que podem ter sido provocados pelo evento, caracterizado pela troca de lugar entre os polos magnéticos norte e sul da Terra e a perda de força desse campo de correntes elétricas, que age como um escudo natural do planeta contra a radiação solar.
Ao longo de seus cerca de 800 anos de duração, durante os quais o enfraquecimento do campo magnético deixou a Terra exposta a eventos espaciais como erupções solares e raios cósmicos, o Evento de Laschamp teria não apenas desencadeado mudanças climáticas globais pela corrosão da camada de ozônio, aumentando a frequência de tempestades elétricas e a incidência de radiação ultravioleta, mas causado a extinção dos neandertais, espécie ancestral humana, prejudicados em meio ao cenário crítico e uma maior competição com animais da megafauna.
Os cientistas responsáveis pelo estudo também reconheceram que outra inversão poderia estar a caminho, tendo identificado uma movimentação veloz do polo magnético no hemisfério norte. “A velocidade, junto com o enfraquecimento do campo magnético da Terra em cerca de 9% nos últimos 170 anos, pode indicar uma inversão iminente”, declarou em comunicado Alan Cooper, pesquisador do South Australian Museum, acrescentando que os efeitos do evento na vida moderna seriam enormes: “A radiação cósmica destruiria nossas redes de satélites e energia elétrica”.
“Nossa atmosfera já está cheia de carbono em níveis nunca vistos pela humanidade antes”, ressaltou outro cientista envolvido na pesquisa, Chris Turney, professor da Universidade de New South Wales. “Uma inversão dos polos magnéticos ou uma mudança drástica nas atividades solares poderiam acelerar as mudanças climáticas de forma inédita”, emendou Turney, segundo o qual “precisamos urgentemente reduzir as emissões de carbono antes que tal evento aleatório aconteça novamente”.