Um mundo atravessado por inúmeras mudanças impulsionadas por avanços tecnológicos constantes exige das empresas que se planejem adequadamente e ajam de maneira eficiente para se manterem competitivas, em busca de resultados financeiros positivos. Nesse sentido, é preponderante que as organizações procurem CEOs que estejam aptos a entregar os resultados de curto prazo, mas que também consigam focar na sustentabilidade de longo prazo, concentrando-se em construir culturas adaptativas e entregando negócios ágeis e relevantes para os seus sucessores.
A consultora organizacional, coach executiva, professora de MBAs de Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança da FGV/SP e autora do livro O Poder dos Times AAA, Caroline Marcon, ressalta que, ainda que as empresas tenham detectado o que um CEO precisa fazer para obter resultados mais sustentáveis, elas estão fazendo as perguntas erradas para encontrá-los.
De modo geral, segundo a especialista, as organizações buscam CEOs que tenham as seguintes características: inteligência cognitiva ou pensamento estratégico e experiência no setor. “Quando o objetivo é definir uma estratégia bem-sucedida de longo prazo, pensamento estratégico é um fator levado muito a sério, pois se pressupõe que o CEO deva ser capaz de pensar mais rápido que qualquer pessoa na empresa”, avalia Marcon.
Por sua vez, a experiência trata-se de aspecto relevante, porque as empresas acreditam que alguém com mais de 10 anos de carreira como CEO e com histórico positivo de resultados seja mais efetivo no papel do que um candidato com meros cinco anos de trajetória e resultados bons e medianos.
Conforme a coach executiva, o grande problema desses critérios bastante utilizados é que eles não são confiáveis para avaliar o que diferencia o desempenho de um CEO: “Sem dúvida, a inteligência cognitiva e a experiência de um executivo devem ser consideradas requisitos para a posição de um CEO, mas não são fatores distintivos de performance”. Segundo Marcon, esse fator deve ser buscado nas motivações dos candidatos.
Motivações: a chave do sucesso
“As motivações são grandes preditores de comportamentos humanos e podem ser percebidas de várias maneiras, seja em conversas sobre aquilo que consideram mais importante ou sobre decisões do dia a dia”, explica a especialista. Levando em consideração os estudos do renomado psicólogo e professor de Comportamento Organizacional de Harvard (EUA), David McClelland, Marcon afirma que é possível identificar três motivações que mais impactam o comportamento dos líderes no trabalho. São elas: realização, afiliação e influência.
A realização, segundo a consultora organizacional, é inerente a profissionais que são muito exigentes consigo próprios, que almejam sempre altos padrões de excelência e que, para conquistar suas metas desafiadoras, trabalham com muita disciplina. “Líderes que possuem realização alta tendem a mensurar as pessoas de acordo com o desempenho delas mesmas e costumam ser individualistas e competitivos por natureza”, comenta.
Por outro lado, a afiliação está relacionada ao cultivo de relacionamentos próximos e amigáveis e com o prazer de cuidar dos outros. Conforme Marcon, líderes guiados pela afiliação geralmente são empáticos e cuidadosos com as suas equipes, mas podem inconscientemente favorecer determinados profissionais, mantendo-os na empresa mesmo com baixo desempenho, apenas por lealdade. “Nesse sentido, esse tipo de líder precisa de atenção redobrada para tomar decisões objetivas que envolvam pessoas”, alerta.
Já a influência está associada à satisfação em causar impacto nos outros. “Líderes com motivação alta de influência socializada, ou seja, aquela que permite aos outros se sentirem mais fortalecidos e capazes, são, sem dúvidas, os melhores CEOs. A realização de média a alta é muito importante para o líder; porém, o que diferencia os melhores CEOs dos outros é a influência socializada em doses elevadas. Na contramão, a influência personalizada é marcada pela liderança coercitiva e autoritária”, alerta.
De acordo com a coach executiva, em doses equilibradas, a motivação da realização e da influência é uma das chaves para uma liderança bem-sucedida de times que entregam resultados sustentáveis.