Um dos participantes mais populares da edição deste ano do “Big Brother Brasil”, o doutorando em Economia Gilberto Nogueira protagonizou mais um curioso episódio de repercussão nas redes sociais, nesta quinta-feira (18), ao explicar à advogada e maquiadora Juliette Freire a relação entre desemprego e inflação através da chamada Curva de Phillips.
“O custo para reduzir o desemprego é aumentar a inflação. Phillips tem toda uma curva, uma teoria que explica isso, entendeu?”, afirmou Gil, citando a teoria criada há mais de 60 anos pelo economista neozelandês A.W. Phillips. Segundo o estudioso, em cenários de crise, os índices de desemprego crescem devido ao corte de pessoal determinado pelas empresas e consequentemente, reduzindo a renda da população, provocam queda nas taxas de inflação, uma vez que os empresários baixam os preços de seus produtos para assegurar faturamento em meio à demanda escassa.
Em seguida, Gil citou a outra face da teoria, ao comentar que “a emissão de moeda gera um custo para a sociedade, e esse custo da geração da moeda é a inflação”. Assim como o aumento do emprego, a emissão de moeda faria crescer a renda da população e sua disposição de consumo, intensificando a demanda por produtos e serviços e, com isso, elevando seus valores. Assim, menor desemprego se refletiria em maior inflação.
Especialistas ressaltam, contudo, que a teoria de Phillips se revela atualmente um conceito limitado, que não explica satisfatoriamente todos os fenômenos da economia real. Por exemplo: no final de 2020, já durante a atual crise provocada pela pandemia da Covid-19, os consumidores brasileiros testemunharam um grande salto na inflação dos alimentos, não por causa de um aumento expressivo de emprego ou renda, mas devido à alta do dólar, que faz com que esses produtos tenham maior competitividade no mercado global e deixem o país desabastecido.
“Os preços estão subindo não porque temos demanda elevada, mas porque temos aumentos de custos de produção que não estão ligados à redução do desemprego. Os preços aumentam sem termos aumentos no nível de emprego”, declarou ao portal G1 a professora de Economia Juliana Inhasz, do Insper.
A relação entre a inflação e medidas como a emissão de moeda ou o aumento de renda da população em cenários de crise, assim, não se mantém como postulado por Phillips. Consultado pelo G1 sobre o impacto dos programas de auxílio do governo federal durante a pandemia, o professor Nelson Marconi, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destacou que se houvesse associação direta com a expansão monetária, o aumento da inflação deveria ser até maior: “Claro que houve impacto em preços de alimentos, por exemplo, mas são resultados localizados. Não dá para dizer que isso é inflação consistente”.