Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros identificou dois casos de coinfecção pela Covid-19 em pacientes do Rio Grande do Sul – ou seja, eles foram contaminados simultaneamente por duas variantes distintas do novo coronavírus. As informações são da agência de notícias Reuters.
De acordo com os cientistas responsáveis pela pesquisa, o fenômeno representa um risco para a situação da pandemia no Brasil e em todo o mundo, já que possibilita a recombinação dos genomas das linhagens no organismo para a geração de cepas potencialmente mais agressivas ou transmissíveis. O trabalho, que passa atualmente por revisão para publicação em revista científica, é o primeiro do mundo a atestar o processo de dupla infecção.
Os pacientes em questão, ambos com cerca de 30 anos de idade, contraíram a doença em novembro, apresentando sintomas leves a moderados, como tosse, dor de garganta e dor de cabeça, sem necessidade de hospitalização. Por meio de sequenciamento genético, os pesquisadores constataram em seu organismo a presença da linhagem P2 do Sars-CoV-2, descoberta no Rio de Janeiro, além de uma outra variante, diferente em cada caso.
“Essas coinfecções podem gerar combinações e gerar novas variantes ainda mais rapidamente do que vem acontecendo. Seria uma outra via evolutiva do vírus”, afirmou um dos autores do estudo, o virologista Fernando Spilki, da Universidade Feevale, do Rio Grande do Sul.
Ainda segundo Spilki, o trabalho alerta para a quantidade de vírus em circulação no Brasil, tão grande que expôs um mesmo indivíduo a duas cepas em poucos dias. “Isso reforça a necessidade do cuidado, mesmo com a pessoa doente, não apenas para não infectar os outros mas para não se reinfectar ou coinfectar”, destacou.