O governo federal pagará mais que o dobro do valor desembolsado pelos países ricos da União Europeia por doses importadas da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca contra a Covid-19.
As informações são do jornalista Jamil Chade, do Uol, segundo o qual as 2 milhões de doses do imunizante negociadas pelo Brasil junto ao instituto indiano Serum, um dos polos de fabricação da fórmula, custarão US$ 5,25 cada – cifra divulgada em comunicado no início do mês pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que será responsável pela produção doméstica da mesma vacina.
Recentemente, a ministra de Orçamentos da Bélgica, Eva de Bleeker, revelou através de suas redes sociais que a União Europeia adquiriu o imunizante de Oxford pelo preço de US$ 2,16 por dose. A mensagem foi apagada e as autoridades do bloco europeu se recusaram a comentar o caso.
O valor é menor mesmo em relação às mais de 100 milhões de doses a serem fabricadas pela Fiocruz no Brasil, que foram negociadas, em contrato com a AstraZeneca, ao custo de US$ 3,16 por unidade.
Segundo o governo da África do Sul, que também deverá importar doses da vacina por US$ 5,25 cada, a justificativa dada para a diferença do preço oferecido à União Europeia estaria no investimento do bloco em pesquisa e desenvolvimento do produto.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem sido enfática ao criticar o que alerta como “nacionalismo nas vacinas” contra o novo coronavírus e “manipulação de preços”. O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom, afirmou nesta semana que o mundo “está à beira de uma catástrofe moral” por causa das desigualdades nos processos de vacinação.
O imunizante da Oxford, contudo, ainda é considerado o mais barato à venda no mercado internacional, além de oferecer condições mais simples de distribuição.