Nos anos 1980, o autor e inventor norte-americano Gifford Pinchot III popularizou o termo intraempreendedorismo em seu livro Intrapreneuring: Why You Don’t Have to Leave the Corporation to Become an Entrepreneur. O termo, de forma geral, consiste em encontrar oportunidades de empreender e inovar dentro da própria empresa, aproveitando os colaboradores que se interessam por empreendedorismo, criatividade e inovação. A ideia central é que, com o apoio das companhias, eles possam desenvolver novos produtos, serviços ou processos.
Nos últimos anos o conceito tem ganhado mais força, já que as empresas se encontram cada vez mais em ambientes complexos, com avanços tecnológicos mais rápidos. A inovação tem sido crucial para elas se manterem competitivas no mercado.
Quanto mais as empresas crescem, mais processos precisam ser estabelecidos e padronizados e mais aparecem novas barreiras para a inovação. Se olharmos para as maiores empresas dos anos 2000, como Nokia, HP e GE, e as compararmos com as maiores dos últimos 10 anos, Tesla, Amazon e Google, constataremos que boa parte delas nem figurava entre as maiores companhias globais no início do século.
Intraempreendedor como um agente de inovação
Mas afinal, quem é o intraempreendedor? Qual é o seu papel? Normalmente, é um indivíduo que apresenta certas características, como flexibilidade, criatividade, capacidade de resolver problemas, proatividade, liderança e sede de transformação. O intraempreendedor, basicamente, se vê com a missão inovar e colocar em prática suas soluções. Esses profissionais sempre pensam no futuro, são engajados e não esperam para ver o mundo mudar, querem agir e fazer parte da mudança. Adoram aprender e trabalhar em rede.
É importante entender que nem todos os colaboradores numa organização precisam ter atitude empreendedora, já que a diversidade de perfis dentro das equipes é muito desejável e positiva para as empresas. No entanto, é fundamental que se deem oportunidades para quem tem a capacidade e o desejo de transformação e melhoria.
Para inovar é preciso olhar para dentro
As corporações têm buscado cada vez mais essa colaboração dos intraempreendedores. Mas ainda assim alguns funcionários demostram alguma resistência, já que muitas das iniciativas de intraempreendedorismo se limitam a palestras e conteúdos, muitas vezes apenas conceituais, de pouca aplicação no dia a dia.
Um dos grandes fatores que impedem a construção de projetos inovadores nas companhias é a estrutura organizacional. É comum que as empresas não tenham métodos para avaliar oportunidade de projetos que possam gerar negócios a partir das ideias propostas pelos colaboradores da casa. Além disso, são poucos os estímulos para tirar as ideias do papel e poucas empresas oferecem ambientes seguros, onde os colaboradores têm incentivo para inovar e espaço para errar no processo de experimentação.
Em linha com as práticas ágeis, é importante que o processo de apoio e desenvolvimento de projetos de intraempreendedorismo conte com dinâmicas coletivas alinhadas à visão estratégica do negócio.
Ouvimos o tempo todo que as empresas precisam se reinventar. Um bom começo é dar voz às boas ideias dos colaboradores de forma criativa e bem-humorada, explorando, dessa forma, o potencial máximo de cada um.
Na Voe Sem Asas, acreditamos que o intraemprendedorismo pode contribuir muito com a inovação nas empresas e com o desenvolvimento das pessoas. Para construir novas lideranças é preciso capacitar os colaboradores e torná-los agentes de transformação dentro das companhias, a partir da implementação e acompanhamento de metodologias que permitem aumentar a taxa de sucesso dos projetos internos de inovação.
Entendemos que, do ponto de vista educacional, é necessária a aplicação prática do conteúdo. É preciso estimular o colaborador a cristalizar o conhecimento recebido numa aplicação no seu dia a dia. Na Voe Sem Asas, por meio de nossos projetos de intraempreendedorismo com empresas, já ajudamos a gerar economias de mais de R$ 30 milhões, aceleramos mais de 90 projetos e preparamos mais de 100 startups a receberem investimentos superiores a 10 milhões de reais.
* Augusto Aielo é CEO e fundador da Voe Sem Asas, aceleradora focada no desenvolvimento de empreendedores corporativos.