Pessoas que trabalham em empresas inclusivas têm experiências de trabalho mais positivas e mais chances de serem felizes no ambiente corporativo, de acordo com pesquisa do Boston Consulting Group (BCG), que entrevistou 16 mil profissionais de diversos setores e níveis de cargo em 16 países, incluindo o Brasil, em outubro de 2020.
O estudo Inclusive Cultures Have Healthier and Happier Workers mostrou que 71% dos brasileiros se sentem incluídos no trabalho, contra 69% globalmente, enquanto 13% se sentem excluídos no Brasil e no mundo. O restante não respondeu positiva ou negativamente.
Contudo, a situação não é muito animadora entre pessoas que integram minorias em uma empresa: apenas um em cada quatro dos funcionários LGBTQIA+ afirmam que revelariam sua sexualidade para os colegas de trabalho. O mesmo acontece com colaboradores que portam alguma deficiência imperceptível ou problema de saúde: 25% deles não falam sobre essas condições aos empregadores.
Ainda segundo o levantamento, os brasileiros que atuam em companhias com práticas inclusivas têm quase três vezes (2,8) mais chances de serem felizes no trabalho, 1,5 vez mais chances de ter um bom amigo na empresa e 1,6 vez mais probabilidade de ter um bom equilíbrio entre vida profissional e pessoal na comparação com empresas não inclusivas. Globalmente, os números foram parecidos: probabilidades 3 vezes, 1,8 vez e 2,2 vezes maiores, respectivamente.
As chances de o estresse do trabalho afetar as relações com amigos e família são 1,5 vez menor entre brasileiros em empresas inclusivas, contra 1,3 vez a menos globalmente. Já a probabilidade de o trabalho impactar negativamente o bem-estar físico de um funcionário é 1,6 vez menor em uma empresa inclusiva globalmente, contra 2,1 vezes a menos no Brasil.
De acordo com o BCG, fomentar ambientes corporativos mais inclusivos requer, além de consciência do problema, comprometimento de toda a organização. “Todos os funcionários, sem exceção, devem ser incluídos no trabalho e práticas de segurança psicológica devem ser institucionalizadas com regras”, diz Manuel Luiz, diretor-executivo e sócio do grupo.
Para o executivo, já havia um conhecimento consolidado nas empresas, mesmo antes da Covid-19, de que os programas de bem-estar dos funcionários são importantes para manter uma força de trabalho saudável, engajada e produtiva. “Porém, os empregadores focaram muito em iniciativas de saúde física e mental e deixaram de lado a inclusão, que faz os funcionários sentirem que podem ser aceitos sendo eles mesmos no trabalho, sem esconder sua personalidade, orientação sexual, raça e até saúde”, analisa.