Além de acelerar as mudanças na forma como as pessoas trabalham, com a intensificação do trabalho remoto, a chegada da pandemia da Covid-19 nos trouxe uma mudança na forma como empresas enxergam seus colaboradores e líderes.
E, nesse contexto, observo que mais do que nunca há uma maior valorização das chamadas real skills. Traduzindo ao pé da letra, real skills são as habilidades verdadeiras, um misto de competências que, em sincronia, são capazes de levar a resultados desejados e ainda superar expectativas.
Alguns estudos recentes, como o levantamento global do LinkedIn e o relatório de habilidades do Fórum Econômico Mundial, apontam algumas das habilidades mais esperadas pelos gestores em relação aos profissionais contratados.
A principal conclusão é que o momento exige um conjunto de habilidades híbridas. As chamadas hard skills, relativas ao conhecimento técnico, seguem necessárias, mas deixam de ter peso maior ou exclusivo na contratação. Já as soft skills, reconhecidas como comportamentais ou socioemocionais, passam a ter o mesmo peso das técnicas.
O aprendizado contínuo, em que a jornada de desenvolvimento nunca cessa, não é a habilidade mais apontada nos recentes estudos. Mas é por meio dele que os profissionais vão adquirir ou refinar suas habilidades técnicas e comportamentais para serem desejados pelas empresas. O conceito diz respeito a ter uma mentalidade aberta ao conhecimento.
A pressão do mercado exige mudanças e reinvenção de negócios, trazendo a necessidade de profissionais com habilidades consideradas mais humanas. São essas competências (soft ou real) que nos farão imprescindíveis quando as máquinas ocuparem muitos postos de trabalho.
Neste período de pandemia, quem se saiu melhor foram os que têm habilidades que estão em evidência, como a criatividade e a resiliência, principalmente para fazer mudanças drásticas em seus negócios. Outra característica importante é a empatia, o desejo de entender a realidade do outro, de como ele se sente e de como ajudá-lo.
A capacidade de resolução de problemas e a adaptabilidade, em um período cheio de barreiras e contratempo, também se tornaram cada vez mais importantes. E como quase todos os negócios tiveram sua rentabilidade prejudicada pelo distanciamento social, situação que ainda deve se estender por um bom tempo, as empresas precisaram e continuarão precisando de profissionais com expertise em inovação e criatividade, que possam fazer diferente, melhor e mais barato.
Podemos dizer que as real skills são habilidades reais porque funcionam, são modernas, necessárias e diferenciadas… E sempre devem levar em conta as pessoas. Afinal, são elas que estão no centro de tudo, sejam líderes, colaboradores ou consumidores.
* Renata Spallicci é vice-presidente da Apsen Farmacêutica.