Com o banimento das contas oficiais de Donald Trump em redes sociais como Twitter e Facebook, assim como as restrições a atividades de seus apoiadores nesses serviços (uma reação das grandes companhias do segmento ao recente ataque ao Capitólio), os partidários do presidente norte-americano iniciaram um movimento de migração massiva para outras plataformas, como os aplicativos de mensagens criptografadas Signal e Telegram. Este, a propósito, anunciou o cadastro de 25 milhões de novos usuários em todo o mundo nas últimas 72 horas.
Evitando o rival WhatsApp, que em breve passará a exigir aos usuários o compartilhamento de seus dados com o Facebook, nesses espaços menos populares de interação instantânea os radicais trumpistas não podem ser tão facilmente monitorados, o que lhes permite seguir reproduzindo os conteúdos problemáticos que têm sido limitados ou punidos nas outras plataformas: incitação à violência, teorias conspiratórias e informações falsas que questionam a legitimidade da eleição de Joe Biden como o novo presidente dos Estados Unidos.
No Telegram, por exemplo, já circulam convocações para marchas armadas em direção a capitólios estaduais e escritórios de empresas como Apple, Google e Facebook, em resposta às novas medidas contra Trump e seus extremistas. “Nossos termos de serviço proíbem expressamente apelos públicos à violência”, afirmou Victor Espinoza, porta-voz do Telegram, de acordo com o jornal “The New York Times”. “Nós estamos examinando cuidadosamente todos os relatos e acompanharemos a situação de perto”, completou.
Aliados do presidente Jair Bolsonaro, que se identifica ideologicamente com Trump, têm seguido o movimento da extrema-direita norte-americana, criando ou reativando contas no Telegram. É o caso dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Gilson Machado (Turismo), além do secretário da Pesca, Jorge Seif, e dos deputados federais Bia Kicis e Bibo Nunes.