Em nota publicada nesta terça-feira (8), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou que foi diagnosticado no Brasil o primeiro caso de infecção pelo fungo Candida auris, considerado “séria ameaça à saúde pública” pelo órgão.
Identificado em adulto hospitalizado numa UTI da Bahia, o micro-organismo tem causado contaminações pelo mundo desde 2009, quando foi detectado pela primeira vez em humanos, na Coreia do Sul. Sabe-se que o C. auris é resistente a diversos medicamentos antifúngicos tradicionalmente adotados para curar doenças por outros fungos do mesmo gênero, e pode causar infecções invasivas, inclusive na corrente sanguínea – sendo, nesses casos, potencialmente fatal, com taxa de mortalidade de 45%, de acordo com estudo publicado no “BMC Infectious Diseases”.
Além disso, por facilmente se confundir com outras espécies de levedura, devido à maneira como se alastra pelo ambiente, o “superfungo” exige métodos laboratoriais específicos para ser adequadamente constatado; essa dificuldade de identificação, aliada à sua resistência em permanecer ativo por semanas ou meses em um local contaminado, torna o C. auris um forte agente de surtos, como comprovam historicamente registros nos EUA, Reino Unido, Espanha, Índia, África do Sul, Venezuela e Colômbia.
Típicos de ambiente hospitalar, os casos mais comuns de adoecimento pelo “superfungo” atingem pessoas submetidas a procedimentos invasivos, como cirurgias, ou que se encontrem imunologicamente fragilizadas. O contato com o micro-organismo costuma se dar por meio de superfícies por ele “colonizadas”, como equipamentos médicos.
O comunicado da Anvisa reforçou a necessidade de vigilância do C. auris nos serviços de saúde do Brasil e adiantou a organização de uma força-tarefa com autoridades da área para a prevenção de disseminação e acompanhamento do caso pelo país.