Desde o começo da pandemia da covid-19, um dos assuntos que mais vinha dividindo opiniões era a relação entre os índices de vitamina D e algum suposto grau de proteção que poderia oferecer contra o novo coronavírus. Médicos foram a público, inclusive, pedir que a população não relaxasse as medidas de prevenção confiando exclusivamente no poder de imunização que poderia estar associado. De lá até aqui, no entanto, muitos estudos avançaram no tema e agora podemos afirmar com bem mais segurança que podem haver, sim, correlações factíveis. Entretanto, é preciso entender bem o que significa isso.
A principal percepção até agora é de que baixos índices de vitamina D estão associados a casos mais graves da covid-19. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Cantábria e do Hospital Marqués de Valdecilla (em Santander, na Espanha) identificou que mais de 80% das pessoas internadas com a doença tinham níveis da vitamina inferiores aos valores de referência.
Dentre os internados, o estudo constatou também que aqueles com melhores índices de vitamina D passaram menos tempo internados e responderam melhor aos tratamentos.
Uma pesquisa da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, já havia constatado uma correlação similar à dos espanhóis.
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Isso quer dizer que vitamina D imuniza?
A resposta à pergunta acima é: não. Os estudos realizados até aqui conseguiram apenas estabelecer correlações estatísticas, mas não têm ainda qualquer comprovação científica de causalidade. Ou seja: não é possível dizer que o fato de estar com a taxa de vitamina D ok vai impedir a infecção.
Os pesquisadores têm sido unânimes em dizer que é sempre necessário analisar o conjunto de fatores associados de cada paciente. Os estudos indicam, sim, que manter a vitamina D em níveis satisfatórios é importante na luta contra a covid, assim como toda e qualquer doença infecciosa, pois ela está diretamente relacionada à capacidade de defesa do nosso organismo.
Mas não relaxe. Vitamina D não é vacina.
Suplementação exige supervisão profissional
Em nota divulgada em abril, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia alerta para os riscos da utilização de suplementação de vitamina D sem supervisão profissional. Leia aqui a íntegra da nota.
O que é a vitamina D?
Apesar de conhecida popularmente como vitamina, ela é na verdade um “pró-hormônio” que atua como “importante regulador do metabolismo ósseo. A principal fonte de produção da vitamina D se dá por meio da exposição solar, pois os raios ultravioletas do tipo B (UVB) são capazes de ativar a síntese dessa substância. Alguns alimentos, especialmente peixes gordos (salmão, atum, cavala, arenque, sardinha) são fontes dessa vitamina, porém representam apenas 10%, os outros 90% são obtidos através da síntese cutânea após a exposição solar, que deve ser realizada, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, por 5 a 10 minutos todos os dias, a fim de sintetizar a vitamina D”, conforme explica este artigo publicado no site da Fiocruz.