Você está preparado para o 13º salário?
A aflição com esse compromisso é comum entre os empresários brasileiros (e também entre os governos)
Mais um novembro chegou. Para uma parte dos gerentes e empreendedores brasileiros, ele significa apenas mais um mês do ano. Afinal, como na fábula da corrida entre a tartaruga e o coelho*, estes profissionais souberam seguir estáveis em direção a seu objetivo, planejando mês a mês esse momento. Para outros, seja por falta de experiência, conhecimento, planejamento ou mesmo de caixa, é um dos momentos mais duros do calendário, no qual se deve honrar o pagamento da primeira parcela do 13º salário aos funcionários.
A aflição com esse compromisso é comum entre os empresários brasileiros (e também entre os governos). Uma pesquisa do Sebrae realizada em 2015 mostra que, naquele ano, 64% das empresas consultadas no Estado de São Paulo afirmaram que iriam conseguir pagar o 13º salário em dia; 5% não o conseguiriam; 30% não tinham empregados com direito ao 13º; já 11% delas recorreriam a empréstimos.
Essa verdadeira “descarga” de recursos é fundamental para o país. Nesse 2018, a economia local receberá uma injeção de R$ 211,2 bilhões até dezembro por conta do 13º salário, que deve ser pago a cerca de 84,5 milhões de brasileiros. O valor representa aproximadamente 3% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Mas vamos ao que interessa:
O que fazer se você não se programou para o pagamento 13º salário?
Respire, acalme-se e pesquise opções de crédito
De que adianta desesperar-se? Mantenha a calma e, com ela, procure no mercado as opções de crédito mais baratas e mais fáceis de serem pagas. Há bancos que oferecem financiamento específico para esse momento – fique atento para comparar taxas e checar se de fato valem a pena. A antecipação de recebíveis é uma saída bem mais barata, rápida e desburocratizada, desde que você tenha recebíveis a receber e possa contar com a falta deles no futuro. Fuja de dívidas com cartões de crédito ou de empréstimos bancários, pelos quais se cobram os mais altos juros do mercado.
Pague seus funcionários em dia, evitando multas
A pior hipótese de todas é não cumprir com o compromisso. Isso gerará multas para você e uma tremenda onda de insegurança e de descontentamento entre seus funcionários. Lembre-se que empregados desmotivados podem ser mais nocivos ao negócio do que as dívidas.
Caso a empresa conte com valores investidos, vale a pena comparar o rendimento com a taxa cobrada por empréstimos. Talvez você conclua que a primeira é menor do que a segunda – e, assim, a saída mais inteligente é você utilizar esses recursos para honrar com o 13º. Nessa hora, o importante é minimizar a perda.
Planeje bem o pagamento da dívida
Não permita que esse evento transforme-se no começo do endividamento da empresa. Aja rápido, mas reflita bem e prepare-se detalhadamente para pagar o crédito que tomou. Especialistas indicam que o melhor é você reduzir ao máximo o número de parcelas, para que não haja acúmulo de despesas para o ano seguinte.
Comece a planejar o próximo ano
Medida óbvia – e seríssima! – dessa listagem: comece a planejar JÁ o 13º do próximo ano. Não em junho ou outubro: janeiro é a hora. Como você faz isso? É o que explicaremos a seguir.
Você está preparado para começar a planejar o 13º do ano que vem?
Comece a partir de janeiro
Especialistas defendem com unanimidade: o melhor é iniciar o planejamento do pagamento do 13º já no primeiro mês do ano. Aliás, não apenas dele, pois é preciso levar em consideração que sobre ele incidirão impostos; além disso, é importante ter reserva para o pagamento de um terço proporcional de férias e, em caso de demissão, o das taxas respectivas. Por essa razão, muitos especialistas defendem que idealmente os negócios devem reservar um montante equivalente a 20% ou 25% do salário do funcionário a cada mês. Esse caixa é muitas vezes chamado de “reserva de RH”. Lembre-se de que esse dinheiro, colocado à parte, pode ser aplicado, rendendo juros para seu negócio.
Enxergue o 13º como uma despesa fixa
Não deixe de reservar o montante necessário para usá-lo para cobrir outras despesas. Seja forte! E não esqueça de considerar, quando for o caso, de reservar valores sobre comissões, adicionais etc.
Esteja a par da lei e dos prazos
Está enganado quem acredita que o 13º é pago somente em dezembro ou em janeiro. Deve ser na verdade, depositado em duas parcelas, sendo a primeira, correspondente a 50% do valor, entre fevereiro e 30 de novembro; a segunda deve ser paga até o dia 20 de dezembro. Nesta aplicam-se os descontos cabíveis, como, por exemplo, o IR e a Previdência. Quem tem direito a comissões e adicionais deve recebê-los até o dia 10 de janeiro.
Esteja sempre “íntimo” de seu fluxo de caixa
Caso preveja qualquer dificuldade com a aproximação do fim do ano, busque imediatamente opções de empréstimos ou de antecipação de recebíveis. Lembre-se de que o não cumprimento das obrigações pode gerar problemas legais, causando danos financeiros para o seu empreendimento e desânimo para seus funcionários.
Importante: tenha em mente que, mais do que o aspecto legal ou trabalhista, existe entre a empresa e o funcionário uma questão emocional. O 13º salário é aguardado com ansiedade pelos funcionários CLT (ou seja, contratados segundo a lei brasileira), os quais enxergam neste pagamento a solução para dívidas adquiridas ou a chance de realizar aquilo que não foi possível ao longo do ano, sejam férias familiares, seja a troca do carro.
Lembre-se disso e orgulhe-se por cumprir seu papel de empregador.
* Na fábula, a tartaruga, que por fim é a vitoriosa, realiza a prova com estabilidade e foco; já o coelho, sem planejamento, dispara aleatoriamente e esquece-se de planejar o futuro.
Zack Miller é Diretor Executivo de Crescimento (Chief Growth Officer) da Fintech WEEL