A apenas seis dias do término de seu mandato, o presidente norte-americano Donald Trump se tornou o primeiro da história dos Estados Unidos a sofrer dois processos de impeachment. Nesta quarta-feira (13), a Câmara dos Deputados do país aprovou, por 232 votos a 197, um novo pedido de afastamento do governante do Partido Republicano, acusado de incitação à insurreição após ter incentivado apoiadores radicais a invadirem o Capitólio no último dia 6.
Na ocasião, extremistas influenciados por suas alegações infundadas sobre fraude na eleição presidencial de novembro atacaram a sede do Congresso norte-americano, em Washington, para interromper o evento que certificava a vitória do rival Joe Biden no pleito. Em meio a atos de vandalismo e confrontos com forças de segurança, foram registradas cinco mortes.
Descontadas quatro abstenções, dez dos 211 parlamentares republicanos foram favoráveis ao impeachment de seu colega de partido, somando-se a todos os 222 parlamentares do Partido Democrata, unânimes pelo afastamento.
Como a decisão ainda segue para apreciação no Senado, que está de recesso até a próxima terça-feira (19), Trump deverá permanecer no cargo até a quarta (20), quando Biden e Kamala Harris tomarão posse, respectivamente, como os novos presidente e vice-presidente dos EUA. Contudo, se o impeachment for aprovado pelos senadores norte-americanos mesmo após o fim de seu governo, além de se tornar o primeiro impedido da presidência do país, o republicano corre o risco de perda de direitos políticos, comprometendo seus planos de se candidatar novamente ao posto em 2024, já que a lei dos EUA proíbe que indivíduos envolvidos em insurreições exerçam cargos públicos. Essa determinação, porém, dependeria de uma votação específica no Senado.
O primeiro pedido de impeachment de Trump, acusando-o de abuso de poder e obstrução do Congresso, se referiu aos esforços do presidente para interferir no pleito de novembro com o apoio do governo da Ucrânia, explorando informações que afetassem a candidatura de Biden. O Senado, porém, o absolveu em fevereiro de 2020.