De acordo com dados divulgados pelo governo de Pernambuco e a Secretaria Municipal de Saúde de Recife, a capital do Estado e cidades vizinhas, como Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista, têm registrado uma alta quantidade de possíveis casos de sarna humana entre seus moradores.
Desde o início de outubro, já foram constatadas cerca de 200 ocorrências do quadro, caracterizado por lesões na pele que se concentram no tronco e nos braços, gerando coceira e originando feridas. Enquanto os pacientes são monitorados, especialistas e autoridades locais ainda investigam quais podem ser as causas do aparente surto.
Uma das possibilidades que têm sido levantadas para explicar o quadro misterioso é o uso de ivermectina, antiparasitário promovido por alguns médicos e o próprio governo federal como parte do chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19 – ainda que sua suposta eficácia contra o novo coronavírus nunca tenha sido de fato comprovada por estudos científicos.
Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) relataram, em artigo publicado em agosto, que a ingestão indiscriminada do remédio pode ter tornado mais resistente o ácaro responsável pela sarna humana, Sarcoptes scabiei. Segundo os cientistas, além de fatores climáticos e socioeconômicos do país – como a pobreza e o confinamento familiar -, a dosagem crescente e repetitiva da ivermectina em um curto espaço de tempo é apontada como possível causa para a evolução do parasita e a ocorrência de surtos similares ao que se vê em Pernambuco.
(com Metro World News)