Nos últimos meses, desde o início da pandemia no Brasil, mais especificamente, tenho sempre tentado buscar pesquisas e estudos que possam nos ajudar a entender e enfrentar melhor os desafios provenientes da oscilação do mercado nacional e internacional em função dos desdobramentos da Covid-19.
Nem sempre os números indicam o que realmente gostaríamos de ver, mas um estudo recente (divulgado no início de maio) realizado pelo Sebrae, apontou que 54% dos pequenos negócios poderão retomar o faturamento para um nível pré-pandemia até o dia 18 de agosto, caso o andamento da vacinação no país se torne acelerado.
Sim, esse índice é animador, considerando principalmente o fato de que as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), representam 9,5 milhões de empresas. É importante dizer ainda que essa pesquisa traz um recorte dos setores menos atingidos pela crise – como comércio de alimentos, saúde e educação – e que, por isso, podem ter uma reação mais rápida.
Foi divulgado ainda que, no Brasil, a estimativa é de que aproximadamente 700 mil PMEs tenham encerrado suas atividades em 2020 em decorrência da pandemia, número que tende a crescer nos próximos meses.
Para minimizar o crescimento desses números, não existem saídas alternativas que não sejam uma fórmula “magica”: a vacinação. O ritmo desta é que irá determinar se teremos uma abertura sustentável da economia, atingindo os níveis ideais de atividades. Dentro desse contexto, o Sebrae estruturou um plano de apoio dividido em três fases:
1) Onde estamos agora, com ações voltadas ao apoio dos pequenos negócios e à abertura de novos mercados (digitalização das empresas), melhoria das finanças do negócio e desenvolvimento de ações de políticas públicas junto ao Congresso e ao Governo Federal;
2) Quando entrarmos na fase de flexibilização das medidas de isolamento social, reforçamos a importância de continuar observando os protocolos de higiene e saúde com orientações aos empreendedores na renegociação de dívidas e empréstimos, e suas possíveis remodelagens;
3) Pós-vacina, onde apoiaremos os novos negócios que deverão surgir, promovendo o aumento da produtividade das empresas e incentivo à inteligência de negócios visando ao mercado consumidor, que está em constante mudança.
E é claro que os resultados desse estudo podem nortear ações estratégicas para os pequenos negócios. Isso porque além da vacinação, será preciso recorrer mais do que nunca a uma visão e desenvolvimento de ações estratégicas sustentadas por um planejamento estruturado.
Lembrando ainda que, como bem definiu Sâmara Bié, especialista em planejamento estratégico e inteligência comercial, “planejar refere-se ao ato de pensar em um futuro esperado e elaborar um plano de ação para que se chegue até esse cenário. É importante entender que o planejamento estratégico é uma abordagem que tem a função de direcionar a organização e seus membros na busca de um objetivo comum, isto é, todos caminharão em uma única direção e sentido”.
No entanto, para criar esse objetivo, é fundamental fazer análise do atual cenário, ver quais são os riscos, oportunidades e as ameaças, bem como avaliar de que forma contrapor as adversidades, corrigir as deficiências e usufruir do sucesso. Nesse processo, o próximo passo seria então implantar metodologias e ferramentas (que estão disponíveis no mercado) usadas para transformar as estratégias em resultados almejados.
Com isso, frisamos mais uma vez a importância de se manter atualizadas as métricas do seu negócio, fluxo de caixa de pelo menos 12 meses, D.R.E. (demonstrativo de resultado do exercício) gerencial e, por consequência, o budget.
Por fim, nos resta torcer para que a vacinação avance em ritmo acelerado e que novas e importantes estratégias resultem em processos e planejamentos cada vez mais assertivos.
* Benito Pedro Vieira Santos é diretor executivo da Avante Assessoria Empresarial e especialista em administração e reestruturação de empresas.