Ao pé da letra, Smart Money significa “dinheiro inteligente”, mas, diante da visão de investidores com uma extensa bagagem no mundo dos negócios, trata-se do investimento acompanhado da contribuição de expertise, oferecida à startup, e que vai além da questão financeira. A fim de receber auxílio para evoluírem em seus processos internos, essas empresas acabam necessitando muito mais do conhecimento dos investidores, adquirido ao longo da carreira profissional (Smart Money), do que apenas do money, propriamente dito.
Ou seja, além do capital investido, a operação é definida com a entrada de um executivo que proporciona a sua experiência profissional em favor da empresa. No geral, essa é uma estratégia implementada pelos gestores quando o objetivo da startup é ganhar espaço no mercado, se desenvolver e crescer em seu ambiente de atuação.
Ao compartilharem o conhecimento adquirido com experiências anteriores, os investidores ajudam a elevar o nível de gestão, governança, além de trazer evolução aos processos internos da startup, como questões voltadas ao setor de vendas, marketing, operações, atendimento ao cliente, entre outros pontos. Dessa forma, é imprescindível que o executivo, além de auxiliar com o networking, tenha familiaridade com alguns setores e disciplinas que são importantes na fase em que se encontra a empresa.
Digo isso porque, normalmente, os fundadores das startups estão sozinhos em seus objetivos e ainda têm o desafio de fazer seus negócios crescerem. Assim, com o apoio de investidores experientes que enfrentaram, inclusive, esse cenário por diversas vezes, torna-se possível ajudar a encontrar novas soluções para problemas já conhecidos por esses profissionais.
Considerados um diferencial importante para as startups, os executivos contribuem para insights baseados no modelo de negócio investido, auxiliam com o esclarecimento de dúvidas, aconselhamentos e até decisões relevantes, que giram em torno das estratégias do business, investimentos futuros, assuntos comerciais, estruturais, societários, tributários e jurídicos. Tudo isso para ajudar os empreendedores a resolverem situações com as quais nunca se depararam.
Normalmente, o apoio às startups pode ser feito por meio de reuniões formais, envolvendo Comitês de Investimento e Conselhos de Administração, ou, em alguns casos, de maneira informal, como reuniões, ligações diretas e mensagens em grupos. Mas sempre com o objetivo de compartilhar as melhores orientações de acordo com os seus negócios e levar apoio ao fundador durante a rotina de empreendedorismo diário.
Vale frisar que o Smart Money não tem controle administrativo do negócio, pois trata-se apenas de instruções e aconselhamentos para que os empreendedores possam analisar as soluções colocadas em pauta e tomar as melhores decisões para suas empresas.
Quando falamos apenas do compartilhamento de conhecimento “tácito”, ou seja, adquirido ao longo da vida e repassado por meio de recomendações, não existe um padrão de Smart Money. Porém, em alguns casos, conta com apresentações de soluções que contribuem para a implementação de melhores práticas de governança como, por exemplo, implantação de máquinas de vendas, marketing, customer success, entre outros.
Do lado do fundador, sabemos que não é uma tarefa simples atrair investidores para a startup. No entanto, seus negócios devem contar com bons projetos para atuação em mercados grandes, com boas equipes, além de mostrarem que já entregam algum resultado, que já encontraram uma dor no mercado e a solução (Product Market Fit), e que estão prontos para acelerar o crescimento da empresa.
* João Alfredo Andrade Pimentel é empreendedor digital serial na área da Tecnologia da Informação e investidor fundador do SCALEXEOPEN, fundo de investimento para startups em estágio seed e pré-seed de base tecnológica.