Já há alguns anos o sistema financeiro brasileiro vem passando por grandes transformações, que impactaram não apenas instituições financeiras e empresas, mas também os consumidores. Com a chegada de tecnologias como QR Code, Pix e iniciadores de pagamentos, que englobam as estratégias do Open Finance, fica fácil se esquecer que há pouco tempo as opções eram mais limitadas e burocráticas.
Frente a este cenário de inovação, a pergunta que fica é: “O que acontece com as ferramentas que até pouco tempo atrás eram essenciais para o funcionamento do sistema financeiro?”. Segundo Caio Bretones, sócio fundador e CEO da desenvolvedora de aplicativos financeiros Mobile2you, todas as novidades que surgiram nos últimos anos foram e continuam sendo essenciais para a evolução do sistema financeiro brasileiro que, a seu ver, é um dos mais inovadores do mundo; contudo, é inevitável que algumas ferramentas acabem se tornando obsoletas durante esse processo.
“Assim como no caso da internet, que, quando emplacou, fez com que vários outros meios de comunicação desaparecessem ou fossem drasticamente reduzidos, a revolução do setor financeiro caminha para um futuro semelhante. Hoje, já podemos identificar ferramentas que são facilmente substituíveis, mas que até pouco tempo eram vistas como essenciais”, avalia Bretones.
O executivo pontua, ainda, que muito da revolução financeira observada hoje foi viabilizada pela transformação digital, que alterou profundamente não apenas quase todos os setores da indústria, mas também fertilizou o campo financeiro de tal forma que fez do Brasil um dos grandes ecossistemas de fintechs do mundo, ocupando, atualmente, a primeira posição da América Latina, segundo dados do estudo “2021 Global Fintech Rankings”, da Findexable em parceria com a Mambu.
Abaixo, Bretones destaca 6 serviços e ferramentas financeiras que estão ou se tornarão obsoletas ao passo que o Brasil avança rumo ao ápice da inovação do setor:
Boletos e carnês
Além de ultrapassados quando comparados às novas tecnologias, os carnês e boletos impressos não são sustentáveis, uma vez que para sua emissão há necessidade de papel, tinta e energia elétrica. Por muito tempo, esses meios de pagamentos ditaram as regras e eram unanimidade entre os serviços financeiros, principalmente para aqueles que não podiam usufruir de um cartão de crédito.
“Quanto à sustentabilidade, os carnês e boletos digitais, aqueles gerados dentro do site ou app da instituição financeira sem que haja a necessidade de impressão, são uma boa saída para que o meio de pagamento sobreviva por mais alguns anos. Além da questão ambiental, a modalidade de cobrança via Pix pode ser um produto substituto a essa ferramenta, com o benefício do cash-in ser recebido em tempo real, diferente do boleto”, diz.
Cartões de débito e maquininha de cartão
Hoje, com o celular, o consumidor pode realizar praticamente qualquer transação financeira. O que antes exigia uma maquininha, por exemplo, pode ser feito em questão de segundos apenas com alguns cliques. Presente na vida dos brasileiros desde meados dos anos 50, os cartões foram essenciais para fomentar o poder de compra dos usuários. Entretanto, hoje já não são tão necessários, uma vez que várias outras alternativas com potencial para substituí-los em breve foram criadas, como as pulseiras de pagamento, transferências instantâneas gratuitas, cartões digitais, entre outras. O Pix é um grande vilão para a continuidade da existência do cartão de débito.
Mesmo com o avanço de tecnologia nas maquininhas (POS), os cartões plásticos também se digitalizaram e além da possibilidade de utilização dos cartões virtuais, os cartões mais novos possuem o chip de RFID, que permite transacionar em aparelhos Android compatíveis com a funcionalidade TapToPay para pagamento via proximidade, substituindo assim os terminais POS.
TED e DOC
Essas duas modalidades de transferência bancária têm como principal diferença o prazo em que o valor é disponibilizado na conta do destinatário: TED no mesmo dia se realizada até às 17h, e DOC apenas no dia seguinte à transação. O valor máximo também era uma questão a ser analisada antes de escolher que tipo de transferência fazer. Enquanto o primeiro caso permite transferências maiores do que R$ 5.000, o segundo, não. A questão é que todas essas regras em torno das transferências TED e DOC ficaram cada vez mais irrelevantes, já que o Pix supriu a necessidade com mais agilidade e menos burocracia.
De acordo com dados do Banco Central e da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), o Pix precisou de apenas dois meses para superar TEDs e DOCs em volume de transações e hoje já figura entre os meios de pagamento preferidos entre os consumidores.
“Sair sem dinheiro vivo, há não muito tempo, era arriscado e poderia deixar qualquer um em apuros. Hoje, os mais variados estabelecimentos estão preparados com as mais inovadoras ferramentas para não perder nenhuma oportunidade de negócio”, conclui Bretones.