Longos períodos de distanciamento social não terminam, efetivamente, sem alguns bônus e ônus ao ser humano. Nestes últimos dois anos, há quem diga que evoluímos em muitos aspectos, especialmente na flexibilidade dos modelos de trabalho. A ascensão do home office e, em seguida, dos modelos híbridos de trabalho levaram muitos profissionais a repensar rotinas e carreira.
Se a qualidade de vida e a proximidade com a família no trabalho de casa agrada muitos, por outro lado tem tornado a volta a questões cruciais da vida profissional mais difícil. É neste sentido que muitos especialistas em saúde mental resgatam o termo síndrome da cabana, usado para definir o medo e a ansiedade de muitas pessoas no retorno ao convívio social após um longo período de afastamento.
Para o profissional antes em constante ponte aérea, a síndrome da cabana pode significar uma necessidade latente de se reformular a carreira, visto que mesmo diante de restrições é cada vez mais necessário esse retorno.
Há, no entanto, fatores muito positivos no contexto da retomada, que podem ajudar o profissional a superar a ansiedade comum nas primeiras viagens a trabalho. Contar com o apoio da empresa, que deve disponibilizar recursos que ofereçam mais facilidade nessa rotina, é um dos pontos. Se o mundo está cada vez mais conectado, não faz sentido retomar as viagens com o desafio de continuar tendo de enviar relatórios manuais para comprovação de despesas.
Um cenário muito mais dinâmico se consolida, com a transparência das informações e menos peso de responsabilidades pós-viagem ao colaborador. Com os recursos corretos, agendar a viagem, reservar a hospedagem e organizar os processos burocráticos pode ser muito mais simples e ágil, o que já ajuda a reduzir a ansiedade do retorno.
Outro fator fundamental é a transparência entre empresas e colaboradores. Em um período de dois anos, e somando-se ainda o aumento gradual de preços de passagens, hospedagens e alimentação, uma revisão de políticas de viagens é importante, mantendo-a clara a todos os envolvidos. Sentir-se amparado pela empresa enquanto está longe de casa é essencial para que o profissional possa se dedicar ao core business e perder o mínimo de tempo e energia com questões burocráticas.
Essencial é ainda o apoio das lideranças nesse processo de retomada. Diálogos abertos e francos se fazem necessários para que todo o time se sinta amparado e se reduza a ansiedade do retorno, com os devidos cuidados sanitários ainda importantes neste momento.
Muita coisa mudou, afinal, mas determinados negócios ainda exigem o olho no olho e o aperto de mão – e o profissional que está em constante viagem corporativa tem um papel essencial para a retomada da economia.
* Daniele Amaro é CEO da Paytrack, empresa especializada em soluções para gestão de viagens e despesas corporativas.