Segundo um novo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta sexta-feira (17), houve queda de 6,6% na renda habitual do trabalhador brasileiro no segundo trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2020 – considerado o pior momento do mercado de trabalho durante a pandemia.
Intitulado Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia, o levantamento, que teve como base os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua e Pnad Covid), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também constatou um aumento de 0,9% na renda efetiva do trabalhador do país no trimestre.
Os trabalhadores por conta própria tiveram o maior impacto em suas rendas, com crescimento de 19,5% na renda efetiva no período, na comparação com o mesmo trimestre de 2020. Ainda no segundo trimestre deste ano, eles receberam 76% do habitual. Os trabalhadores com carteira do setor privado tiveram aumento de 2% na renda efetiva, enquanto para os trabalhadores sem carteira, a alta foi de 6,9%.
A região Nordeste foi a mais afetada pela segunda onda da pandemia nesse contexto, com queda de 2,6% na renda efetiva no segundo trimestre de 2021. No corte por gênero, o crescimento da renda efetiva das mulheres (+1,40%) foi superior ao dos homens (+0,48%) no mesmo período.
Apesar do grande número de domicílios sem renda do trabalho, no segundo trimestre de 2021, houve pequena redução nesse percentual, em relação ao primeiro trimestre deste ano: de 29,3% para 28,5%, o que demonstra lenta recuperação no nível de ocupação aos patamares anteriores à pandemia para as famílias de renda mais baixa. Neste trimestre, houve também um aumento na proporção de domicílios na faixa de renda mais baixa e uma diminuição da proporção nas demais faixas.
A renda dos jovens adultos (de 25 a 39 anos) foi a mais afetada pela pandemia, com queda de 3,2% nos rendimentos efetivos reais médios, no segundo trimestre deste ano. Em contrapartida, os rendimentos dos ocupados com mais de 60 anos cresceram 1,3% no período, influenciados pela alta proporção de trabalhadores por conta própria nessa faixa etária. Quanto ao grau de escolaridade, as recuperações da renda efetiva foram generalizadas, sendo mais intensa para os trabalhadores com menor escolaridade.
“A análise mostra que, apesar da melhora nos rendimentos no segundo trimestre deste ano, a recuperação ainda é lenta. O afastamento da ocupação atinge 16,26% dos trabalhadores, afetando mais de 13,5 milhões”, comentou o pesquisador do Ipea e autor do estudo, Sandro Sacchet.
A pesquisa apontou ainda forte queda nas horas efetivamente trabalhadas, que alcançaram apenas 78% das horas habituais, o que representa uma jornada semanal média efetiva de 30,7 horas. O impacto foi maior entre os trabalhadores por conta própria (73%) e entre trabalhadores do setor público informais (72%).