Apesar das complicações enfrentadas durante 2021, as startups acharam uma forma de driblar essas conturbações e, além de sobreviver, ainda conseguiram crescer e inovar no mercado. Segundo uma pesquisa da DataHub no ano passado, nasceram mais de 35 mil novas startups e empresas da área da tecnologia, um aumento de 210% em relação a 2011.
E não acaba por aí: tendo em vista a grande demanda do segmento, os investimentos também impulsionaram os negócios. A Inside Venture Capital apontou que, no primeiro semestre de 2021, foram investidos mais de US$ 5,2 bilhões no setor.
Para Mikio Jr., CEO do Grupo Safira e mentor de programas de inovação, um dos principais motivos que levam a esse aumento repentino ao longo do ano é a criação de serviços que proporcionaram o saneamento de dores surgidas com a pandemia.
“Um exemplo disso são as fintechs. Como muitos bancos restringiram suas atividades e a maioria ainda não possuía um sistema digital completo, bancos digitais ganharam destaque pelas suas facilidades de acesso e resolução de problemas, como aberturas de contas bancárias, pagamentos online, transações, entre outros. Seu impacto foi tão grande, que as organizações bancárias tradicionais acabaram tendo que mudar suas atuações para se encaixar nessa nova realidade”, explica o CEO.
Além disso, outra tendência que irá se manter para 2022 são as healthtechs. O auge desse segmento veio a partir de novidades como testes rápidos da Covid-19, que ganharam espaço significativo, e, como ainda não existe uma expectativa concreta do fim da pandemia, a incerteza da população faz com que tais startups continuem em alta, pois os cidadãos permanecerão usando em massa os produtos e serviços oferecidos por elas.
As startups voltadas para logística também tiveram seu destaque, já que, com o fechamento dos comércios e a necessidade de a população receber rapidamente suas encomendas, o setor investiu fortemente para que esse objetivo fosse conquistado. Não só o Brasil como comércios internacionais reduziram os dias de espera pela entrega de um produto – hoje já é possível ter em 15 dias produtos que demoravam cerca de três meses para chegar ao destino.
“É importante ressaltar que dificilmente essas tendências andarão para trás, pois o caminho que trilhamos até agora não tem volta e dificilmente desejaríamos isso. O Brasil sempre ficou para trás quando o assunto era tecnologia, e apesar das dificuldades enfrentadas nesses dois últimos anos, é uma oportunidade de conseguirmos nos destacar, e quem sabe até mesmo nos igualar a países que são referências na área. Acredito que as expectativas são positivas”, destaca Mikio.
Por fim, o executivo menciona ainda um fator que pode provocar mudanças positivas para o próximo ano, a volta das contratações presenciais por parte das startups – já que, com o distanciamento social, ficou mais difícil entender e perceber se o contratado está em sintonia com a empresa e seus ideais: “Esse obstáculo inclusive chegou a fazer com que a entrada e saída de profissionais fosse maior do que o comum e, de fato, isso não se torna algo positivo para a empresa. Contudo, pelo que estamos percebendo, essa dificuldade está com os dias contados e estamos ansiosos para saber como será o andamento das startups para 2022”.