No grande ecossistema do sistema financeiro internacional, há diversos tipos de ativos disponíveis para investidores. Há opções para todos os gostos, que carregam consigo forças, fraquezas e comportamentos distintos.
Os hedge funds despontam como sociedades financeiras com alternativas versáteis para quem não está disposto a monitorar os próprios investimentos. Também conhecidos como fundos multimercados, eles costumam implicar em taxas mais altas do que os fundos de investimento convencionais, mas apostam em estratégias em diversos tipos de ativos financeiros para diversificar, buscando o complicado equilíbrio entre a segurança e o lucro mais alto.
Os gestores de fundos multimercados são profissionais capacitados que recebem toda a confiança de investidores de portes variados para perseguir estratégias muitas vezes arriscadas em busca de retornos de lucro acima da média.
Gerenciar fundos hedge não depende exclusivamente dos conhecimentos técnicos, por mais que estes precisem ser sólidos. As possibilidades de investimento só aumentam e é preciso ter acesso a conteúdo especializado e profundo. O site tradingnobrasil.com reuniu os diversos mercados nos quais é possível investir, com as ações e títulos dividindo espaço com fundos, ETFs, criptomoedas, e muitos outros.
E assim como qualquer outra função profissional, a gestão demanda habilidades comportamentais específicas, que podem ser desenvolvidas com certa dedicação. Confira as principais delas a seguir
Propensão ao risco e egoísmo?
Em análise superficial, é possível inferir alguns traços de personalidade de gestores para sociedades financeiras que deveriam ser tão competitivas. Podemos pensar em pessoas frias, calculistas, inescrupulosas se dando bem por um lado. Por outro lado, pessoas com visão estratégica, carismática e capazes de cultivar boas relações também poderiam ter habilidades pertinentes para o ofício.
No entanto, será que a dedicação centrada e inescrupulosa ao lucro reverte em resultados eficazes? Uma pesquisa conduzida pela Sociedade de Psicologia de Personalidade e Social em 2017 ajuda a lançar luz sobre essa questão;
O estudo reuniu 101 gestores em busca de indivíduos com três traços típicos de psicopatas: narcisismo e maquiavelismo. Os gestores que revelaram esses aspectos tiveram seus resultados analisados e constatou-se que eram menores à média. O levantamento aferiu um desempenho 15% inferior na gestão de fundos para essas pessoas num prazo de dez anos.
Apesar de poderem ser bastante carismáticos e capazes de manipular pessoas, psicopatas também estão predispostos a comportamentos mais arriscados, antissociais e criminosos. Os resultados do estudo podem levar a crer que essas características não são tão úteis na “selva financeira”, e que as imagens dos gestores “de rapina” bem-sucedidos moldadas na cultura popular são um mero preconceito.
Tolerância e compreensão do risco
Psicopatas podem ter desempenho inferior estatisticamente, mas a importância do risco no mundo financeiro é inegável. Sem a perspectiva de risco (perda), não há perspectiva de lucro – e fundos hedge são mecanismos de grande risco-retorno, embora bastante diversificados.
A preparação para o risco de gestores de fundos desse tipo deve ser realista, incluindo planos alternativos para o caso de cenários daninhos. São profissionais que devem ser capazes não apenas de fazer análises de risco de ativos individuais, mas de portfólios e combinações inteiras.
Para além dessa abordagem técnica do risco, a tolerância psicológica do risco também é um pré-requisito. Poucas pessoas têm coragem e solidez para arcar com as consequências de investir dinheiro de clientes numa estratégia com potencial de 50% de perda para um retorno de 100%.
Nem tudo nessas decisões é coragem estrita. Algumas características que ajudam a fundamentar decisões complicadas no ramo são o ceticismo, a independência de pensamento e uma natureza questionadora. “Nadar contra a corrente” fornece subsídios para esse tipo de atuação. Em nível mais pessoal, a humildade pode prevenir que essa autonomia de pensamento e ação se expresse na forma de teimosia.
Trabalho em equipe
O gestor frequentemente é pintado apenas como um “grande decisor”, mas, de fato, deve trabalhar bem em grupo e se comunicar com excelência para obter bons resultados. Por um lado, o trabalho em conjunto envolve a capacidade de lidar com as equipes altamente especializadas na pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços financeiros.
Por outro lado, a comunicação com clientes vigentes ou em potencial também é tão importante que precede o uso dos conhecimentos técnicos. Uma personalidade observadora e intuitiva pode vir a calhar para essa finalidade de “ler” as pessoas e interagir adequadamente, assim como para o ambiente de trabalho interno.
Mas a capacidade de se comunicar e atuar em equipe não deve ser confundida com a necessidade exclusiva de transigir. Com efeito, a competitividade é um fundamento importante para um gestor em busca de resultados extraordinários.
Esforço íntimo e auto melhorias
Por fim, alguns traços de personalidade ligados à introspecção também podem ser muito úteis para o modo de atuação diário e a capacidade de auto aprimoramento. Ser introspectivo é importante para o autoconhecimento, que pode ser uma maneira de trabalhar praticamente todos os itens já citados neste texto. Afinal, envolve analisar as reações emotivas e erros do cotidiano, aumentando as chances de corrigi-los ou adaptá-los.
Gestores de fundos que são leitores ávidos também conseguem mais subsídios mentais para o dia a dia. Em perfil realizado pela revista Piauí, diversas vezes é citada a dedicação de Luis Stuhlberger, gestor do Fundo Verde, em ler relatórios. Além da atualização estrita em seu ofício, outros tipos de leituras variadas podem ajudar a entender melhor o mundo, as pessoas e o ramo, ainda que lateralmente.
Livros de história, biografias e filosofia podem provocar verdadeiras mudanças de paradigma mentais. Enfim, manter a abertura a conhecimentos variados, não somente por meio de livros, é muito importante.
A capacidade analítica multidisciplinar e a flexibilidade mental também podem se beneficiar desse constante esforço em busca de conhecimento. Significa que além do ganho de repertório, as novas e variadas informações podem ajudar na prática, a relacionar fatores que geralmente não nutrem conexões óbvias um com o outro. E, para finalizar, grande conhecimento de tecnologia e esse meio que cresce na importância na vida das pessoas a cada dia que passa é algo fundamental.