É muito provável que ao ouvir a palavra “banco” você pense automaticamente em taxas, juros e cobranças. E, sim, o sistema bancário é tudo isso, mas não só. Ter acesso a serviços financeiros, como uma conta no banco, cartão de crédito e débito, financiamentos, dentre outras coisas significa, de certa maneira, poder. Sim, poder. Para você que já tem tudo isso, talvez seja mais difícil compreender a importância desses serviços. Mas faça um exercício e imagine sua vida sem eles. Muito provavelmente você não teria carro, não poderia comprar uma casa e teria dificuldades até para assinar serviços como Spotify e Netflix ou mesmo fazer um simples pedido no iFood. Pois é, e essa é a realidade de milhões de brasileiros ainda.
Segundo o último estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há cerca de 60 milhões de desbancarizados no Brasil. E o que isso significa? “A importância da bancarização para a população que não tem acesso a serviços financeiros é a inclusão desses indivíduos. Eles irão consumir mais produtos que dependem de um cartão de crédito ou conta corrente, por exemplo, como compras online, serviços de aplicativos de transporte, alimentação, assinaturas, entre outros”, explica Emília Rabello, especialista em temas ligados às classes C, D e E e fundadora do Outdoor Social.
“Além disso, através da bancarização, é possível que a população tenha mais comodidade podendo efetuar pagamentos online e transferências, ou seja, a bancarização oferece uma série de vantagens que movimenta a economia. Hoje em dia, ninguém anda com uma quantia grande de dinheiro pelas ruas. A utilização de cartões de débito ou crédito é cada vez mais comum na atualidade e, para isso ser possível, a bancarização é fundamental. Cerca de 65% da população é desbancarizada não por falta de dinheiro, mas porque é informal e atua em atividades com características não reconhecidas por grandes instituições financeiras”, complementa Emilia.
O efeito das fintechs
De olho nesse público, têm surgido no Brasil diversas fintechs, que são startups focadas na área financeira. E tem de tudo: desde operadora de cartão de crédito a corretoras de investimentos. Todas elas com estruturas muito diferentes de suas congêneres tradicionais, o que tem levado a uma transformação profunda do mercado e obrigado os próprios players estabelecidos a se reinventarem.
Hoje, existem mais de 380 fintechs no país, que possuem custos operacionais muito menores comparadas às instituições tradicionais do setor. Isso é possível porque elas conseguem utilizar tecnologias que elevam a eficiência dos processos e barateiam os serviços ofertados.
“O impacto dessa mudança nos próximos anos será uma concorrência muito maior entre as instituições financeiras tradicionais e as fintechs. Hoje, por exemplo, existem fintechs que oferecem micro crédito pessoal para as pessoas abrirem contas, enquanto os bancos tradicionais cobram taxas para a abertura de contas”, conclui Emilia.