Com apenas duas semanas no ar, o novo “Big Brother Brasil”, em sua 21ª edição, já se consolida como um dos maiores fenômenos da televisão brasileira nos últimos anos. O atual desempenho do reality show, em audiência, publicidade e repercussão cultural, atesta o sucesso da Globo no reposicionamento de um produto popular que, a caminho de completar duas décadas de exibição, vinha perdendo grande parte do apelo conquistado desde a estreia em 2002, quando o formato da competição de confinamento entre anônimos era uma novidade curiosa e instigante no país.
Um marco histórico
Novos recursos e dinâmicas de jogo foram acrescentados ao longo do tempo para revigorar a disputa pelo prêmio milionário e o interesse do público, mas a fórmula decisiva para a renovação veio com o “BBB” de 2020. Após o fracasso registrado pela edição do ano anterior, criticada como a mais monótona de todas, os produtores da atração acertaram em cheio ao apostar na inclusão de famosos entre os participantes, como o ator Babu Santana, a cantora Manu Gavassi e a digital influencer Bianca Andrade, e explorar polêmicas geradas em torno de temas socialmente relevantes, como racismo, feminismo e assédio sexual, no embalo dos conflitos protagonizados por um elenco diverso e agitado.
Favorecido ainda pelas medidas de quarentena e isolamento social em razão da pandemia da Covid-19, que se alastrou pelo Brasil durante a competição, impondo confinamento aos próprios telespectadores, o “BBB 20” tornou-se um marco histórico para o programa em números comerciais (com R$ 304 milhões faturados em seis cotas de patrocínio fixo e um total de 24 anunciantes), engajamento na internet (com 3,5 bilhões de menções nas redes sociais) e participação da audiência (com reconhecimento do Guinness World Records pela maior votação pública para uma atração televisiva, quando o paredão entre Gavassi, Mari Gonzalez e Felipe Prior contabilizou 1,5 bilhão de votos).
Novos recordes
Pavimentada a nova trilha do sucesso, a edição deste ano do reality show já superava sua antecessora antes mesmo do lançamento, ao garantir à Globo uma receita que deve ultrapassar R$ 530 milhões, segundo o portal UOL, com o recorde de oito patrocinadores principais: Americanas, Amstel, Avon, C&A, McDonald’s, P&G, PicPay e Seara. De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, porém, a demanda publicitária ainda supera a oferta, e outras 30 marcas aguardam em uma “fila de espera” para se promover junto ao programa.
A alta expectativa do mercado tem sido correspondida pelos dados de audiência revelados desde a estreia em 25 de janeiro, quando o “BBB 21” foi visto por 43,7 milhões de pessoas na TV aberta – um aumento de 10% na comparação com a edição passada -, seguida pelo melhor desempenho em uma primeira semana da competição nos últimos sete anos, com média de 25 pontos marcados em São Paulo, de acordo com o Painel Nacional de Televisão (cada ponto equivale a 248.647 domicílios ou 693.786 indivíduos). O episódio do último domingo (7), com a formação do segundo paredão da edição, anotou 27 pontos na capital paulista, a maior audiência do programa nesse dia da semana desde 2010.
A plataforma de streaming Globoplay, por sua vez, bateu recorde histórico de vendas no segundo dia da atração, com 11 vezes mais assinaturas que a média, graças ao serviço pay-per-view que transmite ao vivo, 24 horas por dia, os acontecimentos da casa de confinamento. O canal pago Multishow, do Grupo Globo, também tem surfado a onda do “BBB 21”: com os trechos de 45 minutos que exibe logo após o fim da transmissão diária do reality show na emissora principal, liderou a audiência da TV por assinatura no horário nobre durante os primeiros sete dias de competição, com um total de 4,4 milhões de espectadores.
Sequência explosiva
Por trás dos números, está um dos inícios mais intensos do programa, consolidando rapidamente uma sequência ainda mais explosiva que o “BBB 20”. Conforme a receita triunfal, um elenco parcialmente composto por artistas, como a atriz Carla Diaz, o ator e cantor Fiuk e a cantora Karol Conká, além do aceno ao segmento influencer com a tiktoker Camilla de Lucas e a youtuber Viih Tube, disputam o prêmio de R$ 1,5 milhão em meio a intrigas que reverberam questões palpitantes da atualidade, como bissexualidade, militância progressista e a chamada “cultura do cancelamento”, habilmente trabalhadas como narrativas para potencializar o engajamento nas redes sociais, onde o “BBB 21” já se faz onipresente – não somente pela atuação de veículos de mídia concorrentes, desinibidos em manter seções específicas para abordar a atração, mas também pelos grupos de fãs organizados em torno de perfis temáticos, as celebridades que torcem abertamente para seus participantes preferidos e mesmo setores acadêmicos, fisgados pelas discussões políticas e comportamentais popularizadas pelo reality show.
Comprovado o êxito no reposicionamento de um de seus produtos mais conhecidos, a Globo segue confiante na continuidade do sucesso do “BBB 21”, planejado como a edição mais longa do programa, com cem episódios previstos até o dia 4 de maio.