Mesmo com uma redução de 1,52% na inflação de janeiro para fevereiro, o arroz segue caro para a população brasileira em decorrência da alta de 69,8% do produto nos últimos 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que registra a inflação oficial no país.
De acordo com especialistas consultados pelo portal G1, entre os fatores responsáveis pelo grande aumento sobre o grão estão:
– o crescimento de seu consumo doméstico por parte dos brasileiros no início do ano passado, com a eclosão da pandemia da Covid-19 e a determinação de medidas restritivas de isolamento social;
– a diminuição da oferta nacional com a alta da exportação do alimento, impulsionada pela taxa de câmbio atrativa aos produtores do país;
– o temor de que a safra produzida não supriria a crescente demanda de 2020;
– e o aumento dos custos de produção nas lavouras, especialmente por causa do uso de fertilizantes e do óleo diesel para as máquinas.
A variação, porém, entrou em declínio gradativo ainda no ano passado, devido à queda dos valores no campo; à redução do ritmo de compra pelos consumidores (por razões como o fim do auxílio emergencial, que deve ganhar novas parcelas em breve); e ao estímulo governamental à importação do grão para atender o mercado interno. Com o arroz em plena safra, a oferta atual continuará provocando a queda do preço nas prateleiras dos supermercados ao longo deste primeiro semestre, apesar de não chegar a igualar os valores de outros anos.
“Ele deve ser um pouco acima, mas é um preço bem menor do que vimos no segundo semestre do ano passado”, ressalta Fábio Carneiro, assessor técnico da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Outro especialista entrevistado pelo G1, Lucilio Alves, professor e pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ligada à Universidade de São Paulo (USP), também destaca que o valor do grão seguirá dependendo do mercado internacional: “Os preços estão altos hoje por um contexto de preços em dólar um pouco mais firmes do que o ano passado”.
Ambos acreditam que o retorno do auxílio emergencial não deverá causar nova alta para o alimento, mas possivelmente estabilizar seu valor e impedir reduções maiores.