Na Holanda, um time de médicos descobriu o que pode ser um conjunto de órgãos até então não identificados no corpo humano: um novo par de glândulas salivares. Em um artigo publicado no mês passado no periódico “Radiotherapy and Oncology”, os pesquisadores afirmam que o “potencial novo par de órgãos” foi encontrado em um “local anatômico pouco acessível” sob a base do crânio, em um ponto onde a cavidade nasal encontra a garganta.
Os livros atuais de anatomia indicam que o corpo humano apresenta três tipos de glândulas salivares: um par próximo aos ouvidos, outro abaixo do queixo e outro abaixo da língua. “Agora, acreditamos que há um quarto”, explicou o doutor Matthijs Valstar, pesquisador do Netherlands Cancer Institute e um dos autores do estudo, ao New York Times. Se confirmada a hipótese, será a primeira vez em 300 anos que uma nova glândula salivar é identificada.
A descoberta foi feita enquanto os médicos analisavam tomografias que permitem visualizar tecidos em grandes detalhes e notaram duas “estruturas desconhecidas” no centro da cabeça: uma dupla de glândulas, com alguns centímetros de comprimento, disposta discretamente sobre os tubos que conectam os ouvidos à garganta. Para investigar as glândulas, os pesquisadores dissecaram o tecido de dois cadáveres, e perceberam semelhanças com as glândulas salivares já conhecidas.
O doutor Wouter Vogel, também um dos autores do estudo, disse que o grupo não sabe ao certo como essas glândulas estiverem “escondidas” durante tanto tempo, mas afirmou que “o local não é muito acessível e você precisa de imagens muito sensíveis para detectá-lo”.
De acordo com NYTimes, outros pesquisadores acreditam que chamar as novas estruturas de “novos órgãos” pode ser um exagero, já que além dos três grandes pares de glândulas salivares, cerca de mil glândulas salivares menores podem ser encontradas na boca e garganta. Para o doutor Alvand Hassankhani, radiologista da Universidade da Pensilvânia, por exemplo, os médicos holandeses podem apenas ter achado uma “maneira melhor de obter imagens de um conjunto de glândulas menores subvalorizadas”.