No Brasil, mais de um 1,5 milhão de profissionais técnicos, auxiliares e de apoio da área de saúde tem enfrentado não apenas o aumento de novos casos e óbitos relacionados à Covid-19, mas também, muitas vezes, um cotidiano de “invisibilidade” diante de suas próprias equipes, instituições e a sociedade em geral. Embora executem serviços de extrema importância, pouco se sabe sobre o perfil e a atual situação desses trabalhadores.
Visando preencher essa lacuna, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou neste mês a pesquisa inédita “Os trabalhadores invisíveis da Saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da Covid-19 no Brasil”.
O objetivo do levantamento – que contempla profissionais de categorias como técnicos e auxiliares de enfermagem, de Raio X, de análise laboratorial e de farmácia, além de maqueiros, motoristas de ambulância, recepcionistas e pessoal de limpeza e segurança, entre outros – é avaliar as condições de vida, o cotidiano e a saúde mental dessa força de trabalho, buscando identificar as transformações a que tiveram que se submeter emergencialmente durante a pandemia.
“Essa legião de trabalhadores da Saúde está cotidiana e diretamente na linha de frente atendendo a mais de 8 milhões de contaminados pela Covid-19 e lidando com mais de 200 mil óbitos em todo o país”, disse a coordenadora da pesquisa, Maria Helena Machado. “Além disso, estão expostos à infecção, sofrem com a morte de colegas, e boa parte está desprotegida de cuidados necessários, sem, de fato, ter voz e meios de expressar a real situação no cotidiano do seu trabalho e de sua vida pessoal, no que se refere à saúde física e mental”, explicou.
Os dados que estão sendo obtidos pelo questionário online lançado pela Fiocruz devem ser divulgados a partir de abril. Segundo a entidade, a pesquisa é um subproduto de outro levantamento, “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19 no Brasil”, que já coletou dados sobre as condições de vida e trabalho de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e fisioterapeutas que atuam diretamente na assistência e no combate à pandemia do novo coronavírus.