“Bicos” formais e informais são a alternativa dos brasileiros que querem aumentar o poder de consumo. De acordo com a pesquisa 360º Consumer View, da Nielsen, 9 milhões de lares brasileiros contam com trabalhadores empregados formalmente, mas que complementam a renda com trabalhos alternativos, incluindo ocupações mediadas por aplicativos e prestação de serviços.
No total, a informalidade está presente na realidade de 16 milhões de famílias, sendo que, para 7 milhões, é a única opção de renda. A última PNAD Contínua, do IBGE, mostrou que o desemprego atinge 12,6 milhões de pessoas no Brasil e a subutilização chega a 24,6% da população — o que representa 28,1 milhões de indivíduos.
A pesquisa indica que o dinheiro “extra” não se esgota apenas com o pagamento de dívidas, mas ajuda os consumidores a adquirirem itens que vão além do básico, em em especial na categoria higiene e beleza.
“O cenário ainda não é de retomada total do consumo, mas há uma diminuição das restrições de gasto e uma redução do aperto que verificamos nos últimos anos”, diz o especialista da Nielsen, Ricardo Alvarenga.
Embora o poder de consumo tenha aumentado, a sobrecarga de trabalho tem levado as pessoas a se preocuparem mais com a economia, saúde e equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional.
“O consumidor se sente sobrecarregado porque aumentou as horas trabalhadas para ter mais renda, mas isso o deixou mais preocupado com a saúde e com a falta de dinheiro”, afirma Alvarenga.
Um exemplo disso, aponta a Nielsen, é que houve uma redução nas intenções de compras de bens de consumo de giro rápido (como alimentos embalados e bebidas industrializadas), aluguel e educação. Já as dívidas no cartão, prestações, impostos e transporte foram priorizados pelos consumidores.
O estudo da Nielsen foi realizado entre os meses de outubro de 2018 e setembro de 2019 e divulgado na última semana. Ele é baseado no banco de dados Painel de Lares, que conta com uma base de 53,4 milhões de domicílios que são visitados por auditores da consultoria para aferir tendências de consumo.