Apesar dos esforços mundiais pela vacinação e medidas restritivas de distanciamento social, comprovadamente eficazes, o novo coronavírus continua circulando em maior ou menor concentração – e ainda gera cepas inéditas.
Foi descoberta na província sul-africana de Gauteng uma nova variante da Covid-19, a B.1.1.529, que soma 50 mutações, de acordo com pesquisadores locais. Desse total – um recorde para as cepas já identificadas do vírus – mais de 30 delas se concentram na proteína spike, região utilizada para a doença se instalar nas células do corpo (e, por isso mesmo, alvo da maioria dos imunizantes produzidos contra a Covid-19).
“Esta variante nos surpreendeu, ela deu um grande salto na evolução [e traz] muito mais mutações do que esperávamos”, afirmou o professor brasileiro Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação, na África do Sul.
Além de 77 casos em Gauteng, foram confirmadas quatro ocorrências da B.1.1.529 em Botsuana, uma em Hong Kong (em paciente que esteve na África do Sul) e mais outra em Israel (em paciente que esteve no Malaui).
No momento, a grande preocupação da comunidade científica internacional é o possível impacto das várias mutações da nova variante sobre a eficácia das vacinas disponíveis contra o vírus, já que estas foram desenvolvidas para combater a cepa original, encontrada na cidade chinesa de Wuhan em 2020.
“Nos preocupa que esse vírus possa ter maior capacidade de se espalhar de pessoa para pessoa — mas também que seja capaz de contornar peças do sistema imunológico”, declarou o professor Richard Lessells, da Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul.
O número de mutações, contudo, não representa necessariamente uma maior letalidade ou transmissibilidade para a doença. E vale ressaltar que apenas 24% da população sul-africana se encontra totalmente imunizada contra o novo coronavírus, o que também permite imaginar que a B.1.1.529 perca força ao chegar a lugares com maior taxa de vacinação.
(com BBC News)