Desde que os Jogos Paralímpicos de 2020 começaram, atletas de todo o mundo têm mostrado a importância do evento, não apenas no sentido esportivo, mas também no que diz respeito à inclusão social. A Paralimpíada de Tóquio reforça o debate sobre o tema e representa uma oportunidade para que as empresas quebrem o tabu relacionado às pessoas com deficiência.
Atualmente, o Brasil possui mais de 45 milhões de habitantes que possuem algum tipo de deficiência, o equivalente a 25% da população. Apesar disso, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país conta com apenas 1% das vagas de empregos formais ocupadas por esses profissionais.
“Um dos principais desafios para a contratação de pessoas com deficiência (PcDs) está ligado aos vieses inconscientes, os quais mantêm tendências ou preconceitos levando em consideração julgamentos, pensamentos e ideias relacionadas à experiências passadas”, afirma Carine Roos, CEO e fundadora da Newa, consultoria especializada na capacitação de líderes e colaboradores para a transformação das organizações por meio da diversidade, inclusão e inovação.
Desde 1991, o país determina, por meio da Lei de Cotas, que as instituições com 100 ou mais colaboradores tenham de 2% a 5% de PcDs em seu quadro de funcionários. A iniciativa, apesar de ter um cunho educativo e inclusivo, acaba por vezes não garantindo que esses colaboradores sejam incluídos de maneira adequada nas organizações. O reflexo disso pode ser visto em levantamento realizado pelo portal de vagas de emprego Catho, que revela que 34% dos portadores de deficiência empregados se sentem isolados nas empresas em que trabalham.
“Os Jogos Paralímpicos ensinam as empresas a olharem os candidatos sob uma nova ótica, sem capacitismo, sem discriminação, sem diferenças. Ensinam a olhar a partir de um viés que acolhe e oportuniza acima de qualquer coisa”, aponta Roos.
Para ela, é necessário ter um ambiente preparado não apenas no sentido de acessibilidade, com rampas, elevadores e espaços adaptados, mas, também, no sentido de promover uma cultura que valorize as diferenças individuais.
“É dever de todos mas, principalmente, dos C-levels e heads criarem uma cultura que respeite e estimule a inclusão de forma geral, com colaboradores que estejam abertos ao debate e entendam a importância de construir ambientes socialmente saudáveis para todos”, finaliza.