Histórias de terror sempre têm algo em comum: uma boa trama e muita adrenalina, certo? Para muitos, especialmente os que não têm muito conhecimento ou não se identificam com o gênero, o terror pode ser visto como puro entretenimento. Mas AT Sergio, autor pernambucano com predileção pela ficção e pelo terror, quer ajudar a mudar essa percepção.
“O terror, pode, inclusive, ser a porta de entrada dos jovens, que adoram uma aventura, no mundo da leitura”, explica AT. Para ele, a literatura de terror pode ensinar muito, para quem estiver aberto, claro. Ele cita alguns aprendizados que podem acontecer quando decidimos nos aventurar no gênero:
Conviver com a adrenalina
Ah, esse nosso mundo pós-pandemia. Se aprendemos algo, é que temos que estar preparados para o desconhecido e para enfrentar mudanças bruscas, certo? Nesse sentido, o que o terror mais pode nos ensinar é a conviver com a adrenalina. “Sabemos que muitas pessoas preferem vidas pacatas e desejam fervorosamente não ter que mudar, mas isso é impossível na vida, certo?”, questiona AT, que lembra: “se, na vida real, tentamos manter tudo sempre igual, aos menos nas páginas de um livro podemos exercitar a convivência com o inesperado”.
Mediar nossas emoções
Se os livros podem nos ajudar a conviver com o inesperado, podem, também, ensinar a mediar as emoções. Quem nunca leu algo e ficou impactado por um bom tempo? “O terror pode ser muito envolvente e nos tirar, por algum tempo, da realidade. A parte boa é que vai gerar medo, ansiedade, nos ajudar a sentir o coração bater mais forte e, dependendo da história, fazer rir e chorar”, lembra AT, que segue: “é uma forma lúdica, mas que pode ser eficaz, de exercitar e entender as próprias emoções diante da vida”.
A entender melhor o mundo
Por que não? “Na literatura de terror, nos permitimos. Nada precisa ser real, factível, possível. De invasões alienígenas a personagens clássicos, como palhaços e brinquedos assassinos, o que importa é que a história nos transporte para um mundo de fantasia, mas com muito susto, não é mesmo?”. Para AT, essa mistura de situações irreais com sentimentos bem realistas pode ajudar a entender melhor o mundo, como vemos o que é novo, diferente, o que consideramos efetivamente normal, e o que nos causa medo? “Nesse sentido, tudo pode se tornar uma forma de autoconhecimento”, enfatiza ele.
A ler mais, com mais prazer
Como AT bem cita: “muitos jovens, hoje, estão afastados da leitura e tem até mesmo uma certa preguiça de ler. Isso porque estamos na era digital e os games e as redes sociais nos deixaram focados no conteúdo visual e curto”. Ler histórias instigantes, que podem ser curtas, no começo, como contos, e que nos tirem da zona de conforto ou nos façam querer saber como será o final, pode ser a porta de entrada para o mundo incrível da leitura. “Tem muita gente que começa a ler terror e, depois, adere a outros gêneros, também. Pode funcionar para os jovens, que adoram algo diferente, inusitado e que dê aquele frio na barriga, de vez em quando”, confirma ele.
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