O que distingue o inovador do maluco?
Tanto as ideias estapafúrdias quanto as ideias de fato inovadoras parecem manobras mirabolantes antes de serem colocadas em prática e terem sucesso
No geral, já é do conhecimento de todos que liderar não significa mandar e, sim, promover condições de alta produtividade para a equipe e compartilhar uma visão de futuro inspiradora. Mas na hora de criar a visão, entre um líder genial e o “maluco” a distinção nem sempre é clara.
De acordo com a CEO da ProFitCoach e Master Coach Certified pela ICF, Eliana Dutra, em tempos de líderes como Donald Trump e Kim Jong-um, a “teoria do louco”, aquela de se colocar como alguém imprevisível e disposto a encarar o confronto a qualquer custo, veio à tona, provocando uma reflexão sobre o que diferencia um do outro. “Um líder inovador como foi Steve Jobs traz soluções fora da caixa, mas se for fora da caixa demais pode ser maluquice”, alerta a coach.
No mundo corporativo a necessidade de inovação é tão evidente que não há mais discussão, está em jogo, não só o capital e empregos, mas a sobrevivência no longo prazo. “Se por um lado a inovação é esperada pelo Conselho de Administração, por outro o seu excesso, muitas vezes provocado pela arrogância é temido”, explica Eliana.
A maior dificuldade é que tanto as ideias estapafúrdias quanto as ideias de fato inovadoras parecem manobras mirabolantes antes de serem colocadas em prática e terem sucesso. Ninguém se esquece da mudança que foi do computador mainframe para o desktop, que quase quebrou a IBM. Relojoeiros suíços, Xerox, Kodak, Blackberry são tristes exemplos de organizações que não acompanharam a inovação e morreram ou quase.
Então se não se pode prever quais ideias trarão resultados concretos, o que distingue o inovador do maluco?
Os membros do conselho administrativo quando selecionam os planos de inovação propostos pela cúpula precisam distinguir esses perfis levando em conta diversos fatores, entre eles:
1. Lógica
Em geral o inovador defende sua ideia que tem uma lógica que pode até nos parecer estranha a princípio, mas aponta um futuro viável e melhor. O maluco mostra atitudes narcisistas e egocêntricas defendendo sua opinião para impor sua vontade.
2. Pré-conceitos
“Filtros” que cada indivíduo possui, pois a mente humana reconhece sinais daquilo que remete a uma má ou boa experiência, faz a conexão e leva o homem a julgar da mesma forma coisas diferentes;
3. Autoconhecimento
Os seres humanos possuem “gatilhos“ internos que os fazem julgar antes mesmos que acabem de analisar as situações, comportamentos, os outros etc;
4. Aparência
Algumas pessoas confundem os comportamentos com os resultados. É como se achassem que basta ser louco como Van Gogh para pintar como o grande artista plástico;
5. Discurso vazio
A pessoa a ser avaliada fala muito bem, é muito entusiasmada, mas seu passado não mostra resultados consistentes.
Eliana finaliza, ressaltando que na era digital, cuja informação caminha em alta velocidade, soluções convencionais nem sempre são bem vistas, pois a expectativa sempre gira em torno da inovação e da imprevisibilidade, porém um líder visionário deve ser um profissional que sabe orientar e, ao mesmo tempo, ouvir os seus colaboradores. “Um bom exemplo de inovação bem empregada e que trouxe resultados concretos foi Juscelino Kubitschek que com seu slogan “50 anos em 5” não só construiu Brasília como também contribuiu para industrialização do país. Definitivamente, não há espaço para “arrogância” e atitudes radicais do tipo “É assim porque eu quero” para quem está à frente de uma corporação”, conclui.