Há não mais que cinco anos, uma febre tomava conta do Brasil: a Telexfree. A empresa, que se apresentava como uma companhia de telefonia via internet, era mais conhecida mesmo pelo “modelo de negócio” que utilizava, que logo se provou ser, na verdade, uma grande pirâmide financeira. O Ministério Público Federal declarou que a Ympactus Comercial S/A, verdadeiro nome da companhia, conduziu uma das maiores fraudes financeiras da história do país. Desde então iniciou-se uma caçada aos responsáveis, alvos de milhares de ações cíveis e penais devido aos prejuízos causados a pessoas que se associaram a ela na esperança de conseguirem os altos ganhos prometidos. Nesta quinta-feira (20), a Polícia Federal prendeu Carlos Natanael Wanzeler, ex-sócio da empresa, com autorização do Supremo Tribunal Federal e a pedido do governo dos EUA, onde o empresário é processado.
Wanzeler perdeu a cidadania brasileira por ter optado pela americano. A decisão foi definida pelo Ministério da Justiça e confirmada pela segunda turma do STF. Com isso, o ministro Ricardo Lewandowski concedeu parecer favorável à prisão.
O Itamaraty comunicará o governo americano, que iniciará os procedimentos para requerer a extradição do acusado.
O empresário Carlos Wanzeler nega as acusações e afirma que todas as operações foram conduzidas dentro da legalidade. Seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, questionou a decisão do STF e disse que ela abre um precedente perigoso.
“A decisão do Supremo Tribunal de determinar a perda da nacionalidade brasileira do Sr. Wanzeler abre um perigoso precedente. A defesa entende que, mesmo com a perda da nacionalidade, não é cabível a extradição pois o agora cidadão americano responde a processos no Brasil pelos mesmos fatos que fundamentaram a prisão dele nos EUA. Nestes casos, ele tem o direito de responder ao processo no Brasil”, afirmou em nota.