Jovem negro, com idade até 29 anos. Este é o perfil das pessoas que mais cometeram suicídio no Brasil nos últimos anos. Os dados são da pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde em 2019, alertando para os fatores que contribuem para esse triste cenário. Atualmente, jovens pretos têm 45% mais riscos de desenvolver depressão do que brancos, sendo que a probabilidade de suicídio nesse grupo também é maior se comparada aos outros.
“Essa probabilidade de risco maior está relacionada, muitas vezes, ao sofrimento psíquico oriundo do racismo estrutural. Por isso, mais do que nunca, torna-se essencial trazer a saúde mental da população negra para o centro dos debates, seja no meio acadêmico ou empresarial”, aponta Carine Roos, CEO e fundadora da consultoria Newa.
Para a especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão, no meio empresarial, é fundamental que as lideranças estejam abertas a esse debate, além de dispostas a promover uma cultura antirracista entre os colaboradores e preocupadas, de fato, com a saúde mental de seu time.
Segundo Carine, a empatia é um ponto-chave para isso. Para ela, compreender o contexto de fatores e vivências que vão além do ambiente corporativo – e que afetam diretamente o psicológico de um colaborador – é de extrema importância. “Precisamos de lideranças compassivas que sejam sensíveis às questões de seus colaboradores, que estejam genuinamente preocupadas com o seu bem-estar e que busquem, de alguma forma, apoiar e agir para reduzir o sofrimento desses colaboradores”, explica a CEO.
Para ela, as lideranças precisam estabelecer ações de fortalecimento da identidade étnico-racial dentro das organizações. “As políticas de promoção de igualdade racial também são formas de produzir saúde, bem-estar e qualidade de vida para a população negra dentro das empresas. O tema de políticas públicas de saúde mental, sobretudo para a população negra, é urgente”, aponta a especialista.