No “ano da quarentena”, a Geração Z, conjunto de jovens com idades entre 16 e 24 anos, está sendo obrigada a adiar sonhos e planos. É o que indica a pesquisa “Zners – A Geração Z que Viveu a Quarentena”, realizada pela HSR Specialist Researchers. O estudo mostra que esse público tem se adaptado a muitos novos aspectos durante o isolamento social, mas está pessimista em relação ao futuro próximo, e 59% dos entrevistados acreditam que serão forçados a adiar quase todos os planos que faziam para este ano.
A faculdade é a razão principal de frustrações. Entrar, cursar ou se formar no ensino superior foi apontado por 37% dos entrevistados como o maior projeto de vida a ser adiado em razão da pandemia. Viajar foi citado por 22% deles, trabalhar ou mudar de emprego por 15% e socializar em festas e eventos foi citado por 8%, assim como tirar CNH – carteira de habilitação (7%), entre muitos planos, são apontados por eles como sonhos que demorarão mais do que imaginavam para serem realizados. No geral, os jovens não se sentem à vontade com a quarentena: 61% estão entediados e 59% ansiosos.
Aprendizados
O estudo “Zners – A Geração Z que Viveu a Quarentena” ouviu os jovens para analisar cinco dimensões: ‘Relacionamento Familiar’; ‘Vivendo em um Mundo 100% Online’; ‘Alimentação e Saúde’; ‘Educação e EAD’; e ‘Valores Emergentes e Aprendizados da Pandemia’. Embora existam percepções pessimistas, também foram identificados aspectos positivos nos entrevistados.
A interação com a família cresceu e o compartilhamento das refeições faz parte da rotina. Para 47% deles há mais conversas com as pessoas de casa e 40% estão participando mais das refeições em família. Além disso, 27% também estão conversando mais com familiares que moram em outra casa.
O estudo comprovou que esses jovens estão explorando muito bem todas as possibilidades das plataformas de conversas online nesses tempos de isolamento social. No total, 59% passaram a utilizar mais as ferramentas digitais de comunicação, sendo que 48% buscam esses recursos para “encontrar” os amigos. Além disso, 41% dos entrevistados estão criando mais conteúdo, enquanto 21% aproveitam o tempo para fazer novas amizades virtuais.
A Geração Z também está se aventurando na cozinha e fazendo ainda mais atividade física durante a pandemia. Além disso, 57% deles acreditam que, após o período de isolamento, o público ficará mais sintonizado nas questões de higiene e metade desse conjunto ainda vê preocupação crescente das pessoas no que diz respeito aos cuidados com a mente.
Insatisfação com EAD
Com relação aos estudos, os entrevistados apontaram problemas e insatisfação. O ensino a distância está alcançando 56% dos jovens, porém 67% desse conjunto não estão gostando da prática. Entre as falhas apontadas está a falta de método, conteúdo e dinamismo das aulas. Além disso, a ausência de contato pessoal com os amigos no dia a dia é muito sentida e torna a educação remota chata.
Adicionalmente, a pesquisa indica alguns aprendizados nesse período, bem como o fortalecimento de valores. Para 51% deles ficaremos ainda mais humanos e 50% acreditam que cuidaremos mais uns dos outros. Os resultados também revelam que 43% dos entrevistados pensam que seremos mais colaborativos. E o olhar para o próximo também ganhou importância, pois 75% manifestam medo de contaminar outras pessoas de forma geral e 57% expressam temor de contagiar alguém da própria família. Outro dado sinaliza que 47% pretendem continuar a ajudar amigos, familiares, vizinhos e desconhecidos após a pandemia .
“Essa geração tem uma relação com o tempo bem especial. Esses jovens não se veem projetando a vida em décadas, mas, no máximo, em poucos anos. Quando se percebem em um momento sem muitas perspectivas ou solução aparente em curto prazo – da qual não podem fazer parte – desanimam. Eles são ágeis e, de certa forma, se acham independentes. O cenário faz com que toda essa certeza de vida enfraqueça”, analisa Naira Maneo, sócia-diretora da HSR Specialist Researchers.
Metodologia
A pesquisa realizada na segunda semana de maio ouviu mais de 1,5 mil jovens, entre 16 e 24 anos, das classes sociais A, B e C, nas principais capitais brasileiras, tendo como base questionário estruturado a partir de levantamento qualitativo realizado em abril. O estudo foi estruturado em cinco dimensões para analisar de forma ampla os pensamentos e sentimentos dos jovens.