O investidor estrangeiro retirou R$ 272,526 milhões da B3 (B3SA3) durante o pregão da última sexta-feira (13), segundo dados oficiais da bolsa. No dia 13 em questão, o Ibovespa fechou em alta de 1,17%, aos 106.924 pontos.
Assim, somente até então no mês de maio, o investidor estrangeiro já retirou R$ 12,890 bilhões da bolsa de valores. O montante é resultado de compras acumuladas de R$ 156,703 bilhões e vendas de R$ 169,594 bilhões.
No acumulado de 2022, o capital externo soma entrada de R$ 44,759 bilhões.
Já os investidores institucionais ingressaram com R$ 237,383 milhões na Bolsa no pregão do dia 13. Em maio, eles somam entrada de R$ 9,139 bilhões na Bolsa.
O montante é resultado de compras de R$ 74,498 bilhões e vendas de R$ 65,358 bilhões. Em 2022, a retirada totaliza R$ 54,379 bilhões.
No mesmo dia, os investidores individuais retiraram R$ 210,960 milhões da Bolsa.
No mês, esses investidores aportaram R$ 2,077 bilhões, resultado de compras de R$ 44,589 bilhões e vendas de R$ 42,511 bilhões. Neste ano, o investidor pessoa física retirou R$ 4,506 bilhões da Bolsa.
Por fim, as instituições financeiras ingressaram com R$ 363 mil na B3 no dia em questão.
No mês de maio, a retirada líquida no segmento é de R$ 5,368 milhões na Bolsa, com compras de R$ 9,651 bilhões e vendas de R$ 9,657 bilhões. A soma de capital investido totaliza R$ 4,655 bilhões em 2022.
Investidor estrangeiro penaliza Ibovespa com ‘evasão de maio’
A tendência de um fluxo saindo do país reverte a entrada massiva de capital estrangeiro nos três primeiros meses do ano, com aporte de R$ 68,4 bilhões até março, que motivaram as baixas sucessivas no dólar. Atualmente, com a mudança, a moeda americana voltou a ser negociada na faixa de R$ 5.
Já em abril a tendência era perceptível, com saída de R$ 7,7 bilhões. No acumulado de 2022, a B3 informa que o investidor estrangeiro já retirou R$ 17,9 bilhões da bolsa de valores brasileira. Nesse contexto, a pontuação da bolsa cai 7,5% nos últimos 30 dias, apesar da recuperação recente.
“A elevação da Selic provoca a entrada de investidores para o Brasil. Conforme aumenta a relação risco e retorno, economistas emergentes se tornam mais atrativos. Com a entrada de dinheiro estrangeiro, o real fica mais valorizado diante do dólar, assim tornando a inflação mais controlada, as aplicações em renda fixa mais atrativas e despesa a mais com juros da dívida pública, sendo estimado por economistas que os gastos com juros devem bater recorde neste ano”, explica Tacyo Munhoz, CEO e fundador da Oito Crédito Imobiliário.
A expectativa é de que, com a proximidade das eleições, a volatilidade do Ibovespa também deva aumentar, enquanto a liquidez deve diminuir com a saída dos investidores estrangeiros, indicam os analistas.
Além disso, o cenário global conta com uma inflação persistente e, por consequência, uma alta dos juros nos EUA que penaliza o investimento em renda variável de um modo geral.
O cenário, conforme reportado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima, é de alta no investimento em renda fixa.
Segundo um levantamento recente, o saldo de entrada de dinheiro em aplicações de renda fixa passa de R$ 100 bilhões no acumulado deste ano, ao passo que os fundos de renda variável reportaram saques de mais de R$ 23 bilhões no mesmo período.
A busca é por rentabilidade mas também por algum porto seguro, em um momento de mais turbulência nos mercados. A migração do fluxo de recursos ganhou ainda mais apelo com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Selic para 11,75%.
“Começamos a identificar esse movimento na metade do ano passado, quando internamente foi se concretizando um cenário de inflação e algum ruído político. Isso começou a gerar uma certa aversão ao risco“, diz o diretor da Anbima, Pedro Rudge.
“É uma inversão: o investidor estrangeiro reavaliou suas alocações e viram maior atratividade dos instrumentos de renda fixa, não apenas pelo desejo de mais rentabilidade, mas por produtos menos voláteis”, acrescenta.
Com Estadão Conteúdo
Por Eduardo Vargas
Conteúdo publicado originalmente no SUNO Notícias