De acordo com estudo realizado pela empresa de consultoria em segurança cibernética Kaspersky, em parceria com a CORPA, 70% dos brasileiros sofreram efeitos da infodemia no ambiente de trabalho. O termo se refere à rápida e ampla disseminação de notícias reais e falsas que dificulta a compreensão das pessoas sobre um assunto.
Intitulado Infodemia e os impactos na vida digital, o relatório já havia mostrado que 7 em 10 pessoas no Brasil se sentiram com sobrecarga mental devido ao excesso de informações durante a pandemia.
O impacto no discernimento individual ficou claro quando os participantes foram questionados sobre os efeitos da infodemia no desempenho profissional: apenas 30% dos brasileiros falaram que não sofreram nenhuma consequência nos últimos 12 meses.
Segundo a pesquisa, o Brasil está em segundo lugar entre os mais afetados pela infodemia no ambiente laboral, apenas 3 pontos percentuais atrás do país que lidera o ranking, Peru (73%). Em seguida, estão Colômbia (61%), México (57%) e Argentina (55%). O Chile (51%) é o único onde a quantidade de pessoas sem efeito da infodemia é maior do que quem sofreu com o fenômeno.
Dos 70% de brasileiros que se disseram atingidos pela sobrecarga mental, 37% passaram a trabalhar mais como método de fugir da avalanche de dados. Outros 20% declararam que estão demorando mais para terminar seu trabalho, enquanto 19% se disseram mais distraídos.
Além dos problemas de saúde, o analista sênior de segurança da Kaspersky no Brasil, Fabio Assolini, alerta para o risco que a infodemia traz para a prevenção de golpes virtuais.
“A desatenção é a base dos golpes utilizando engenharia social. Esta técnica é usada na construção de mensagens fraudulentas que roubam credenciais corporativas ou financeiras das vítimas – sendo que o Brasil é o país mais atacado por este tipo de ameaça online“, explica o especialista.
“A distração do profissional faz com que ele caia na lábia do cibercriminoso e faça o que eles pedem para o golpe ser bem-sucedido. Os bandidos já contam com esta falta de atenção, mas se a cabeça da pessoa estiver sobrecarregada (infodemia), a chance de o golpe atingir seu objetivo final é maior. Vejo claramente uma relação de causa e efeito entre esses dados e isto deve servir de alerta para que as equipes de TI e de segurança redobrem a atenção e a proteção dos funcionários”, conclui Assolini, que recomenda ainda, para o combate aos males da infodemia, a adoção de hábitos saudáveis e intervalos regulares durante o trabalho, além de períodos de descanso sem o uso de dispositivos eletrônicos.