O Indicador de Inflação por Faixa de Renda, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontou aceleração da taxa de inflação para todas as faixas de renda no país em julho, de acordo com estudo divulgado nesta sexta-feira (13). Segundo o relatório do Ipea, o aumento de preços no período foi maior para as famílias de renda muito baixa (1,12%), comparativamente às de renda alta (0,88%).
A inflação acumulada ao longo do ano também mostrou que o grupo de menor renda, que recebe até R$ 1.650,50, também registrou taxas superiores ao grupo de maior renda, com rendimentos superiores a R$ 16.509,66. A inflação acumulada para esses grupos foi de 4,8% e 4,28%, respectivamente. Por outro lado, o grupo que apresenta a maior alta acumulada do ano é o de famílias de média-baixa, que recebem entre R$ 2.471,09 e R$ 4.127,41, com variação de 5% no ano.
O grupo de habitação contribuiu pelo terceiro mês consecutivo para a alta de preços das famílias de renda mais baixa. O principal impacto veio do reajuste de 7,88% das tarifas de energia elétrica, refletindo a elevação do custo da bandeira vermelha nível 2. Outro impacto para esse grupo veio da alta do petróleo, aliada a uma leve desvalorização cambial, que elevou o preço do gás de botijão. A variação foi de 4,17% em julho, décima quarta elevação seguida registrada.
O segundo grupo que mais contribuiu para a alta da inflação dos domicílios de renda muito baixa foi o de alimentação e bebidas. Mesmo diante da deflação apresentada em itens importantes, como arroz (-2,35%), feijão preto (-1,87%), batata (-12,03%) e óleo de soja (-0,01%), a elevação dos preços das carnes (0,77%), das aves e ovos (2,84%) e de leites e derivados (1,28%) contribuiu positivamente para o aumento verificado nesse grupo. Essas famílias também experimentaram influência do aumento dos transportes, sobretudo, dos reajustes dos ônibus urbano (0,38%), intermunicipal (0,34%) e interestadual (0,55%).
A inflação do grupo de transportes também afetou as famílias de renda alta, sendo seu principal foco de inflação. O impacto veio pelos reajustes da gasolina (1,6%), das passagens áreas (35,2%) e do transporte por aplicativo (9,4%). Essas famílias, além de sofrerem um menor impacto das altas dos alimentos e da energia elétrica, dado o menor peso desses itens em seus orçamentos, foram beneficiadas pela queda de 1,4% nos preços dos planos de saúde.
Na comparação com julho de 2020, a pesquisa mostra que a inflação no mesmo mês de 2021 foi mais elevada para todos os segmentos de renda. A alta inflacionária vem, de uma maneira geral, da piora no comportamento de 7 dos 9 grupos de bens e serviços que compõem o IPCA: com exceção dos grupos “artigos de residência” e “saúde e cuidados pessoais”, todos os demais apresentaram taxas de crescimento de preços maiores este ano.
Para as famílias de menor renda, além da alta menor dos alimentos no domicílio (0,14%), os reajustes bem menos expressivos da energia elétrica (2,6%) e do gás de botijão (0,11%) explicam esse quadro de aceleração menos intensa da inflação em julho de 2020. Já para o segmento de renda mais alta, embora o aumento da gasolina tenha sido maior em julho do ano passado (3,4%), a deflação de 0,12% apresentada pelo grupo de educação, combinada com a quedas das passagens aéreas (-4,2%) e o recuo nos preços dos serviços pessoais (-0,22%) e de recreação (-0,11%) influenciaram esse cenário melhor em 2020.
Os dados acumulados em doze meses mostram que, apesar da aceleração inflacionária generalizada para todas as faixas de renda, a taxa de inflação das famílias de renda muito baixa (10,1%), cuja inflação acumulada no período é a maior registrada desde agosto de 2016 (10,6%), em patamar acima da observada na faixa de renda alta (7,1%), ainda é pressionada pelas altas de 16% dos alimentos no domicílio, de 20,1% da energia elétrica e de 29,3% do gás de botijão no período. Já para as famílias de renda mais alta, boa parte dessa inflação acumulada vem do reajuste de 41,3% dos combustíveis, de 42,9% das passagens aéreas e de 13,0% dos aparelhos eletroeletrônicos no período.